17 dez, 2024 - 15:45 • Fátima Casanova , com redação
O Ministério da Educação quer colocar mais professores nas escolas recorrendo ao voluntariado.
Em causa está a participação de docentes aposentados em atividades de apoio à aprendizagem.
De acordo com uma nota informativa enviada esta terça-feira às escolas, a que a Renascença teve acesso, os diretores escolares podem convidar diretamente os professores aposentados ou lançar aviso público, não havendo necessidade de o Ministério da Educação intervir no processo.
A atividade destes professores aposentados, que não vai ser remunerada, pode desenvolver-se diretamente junto dos alunos e através de mentorias a jovens professores.
“Os professores aposentados podem dar apoio direto aos alunos com maiores dificuldades de aprendizagem, no âmbito das atividades que decorram nas escolas, como tutorias ou apoio pedagógico acrescido”, refere a nota informativa do Ministério da Educação.
O Sindicato dos Professores da Zona Sul não sabe e(...)
A tutela argumenta que “esta tipologia de medida é das que têm maior impacto positivo nos resultados dos alunos com maiores dificuldades”.
De acordo com o PISA 2022, 20% dos alunos de 15 anos tiveram baixo desempenho em todos os domínios avaliados – matemática, leitura e ciência. E 41% tiveram baixo desempenho a pelo menos um dos domínios avaliados, sublinha o gabinete do ministro Fernando Alexandre.
Os professores aposentados em regime de voluntariado também poderão liderar projetos de mentoria a jovens docentes, “com menor experiência profissional ou a professores recém-chegados à escola, ajudando-os na sua integração e preparação”.
“Esta atividade é pertinente à luz da transição geracional que se verifica hoje nas escolas portuguesas, que resulta do elevado número de aposentações e de alterações dos quadros docentes nas escolas”, sublinha o Ministério da Saúde.
A transição geracional mais apressada, “sem medidas desta natureza”, poderá “prejudicar o acompanhamento dos alunos e a continuidade pedagógica”.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) salienta que “a medida é interessante”, mas não acredita no seu sucesso, uma vez que não vai ser remunerada.
À Renascença Filinto Lima diz que “o que parece não estar bem, é o regime de voluntariado”.
O também diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, alega que a medida é muito idêntica àquela em que professores iriam dar aulas mediante remuneração e que “teve uma adesão fraquíssima, menos de metade do objetivo do Ministério da Educação”, para concluir que “esta medida, sendo em regime de voluntariado, não sabe que sucesso possa ter”.
Filinto Lima acrescenta que irá falar “com alguns professores, que parece possam acolher esta medida”, admitindo que não sabe “que sucesso” irá ter, mas vai dar esse passo “para perceber se estão dispostos a colmatar a falta de professores”.
Este responsável quer abrir a porta aos professores aposentados, essencialmente, para apoiarem os alunos do primeiro ciclo. Filinto Lima defende que “um primeiro ciclo bem feito, é uma autoestrada de sucesso para o resto dos ciclos”, acrescentando que “um aluno que chegue ao 5º ano com facilidade em ler, escrever, contar, com facilidade em expressões, é um aluno que poderá ter um futuro brilhante em termos académicos”.
[notícia atualizada às 20h16]