18 dez, 2024 - 17:42 • Jaime Dantas
Apesar de um inquérito da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulgado esta quarta-feira, revelar que 6 em cada 10 portugueses gostariam que o número de imigrantes do sul da Ásia diminuísse, aqueles que escolheram deixar o seu país para fazer do Porto a sua nova casa sentem-se acolhidos na cidade.
Durante a manhã desta quarta-feira, a Renascença falou com alguns imigrantes que começavam mais um dia de trabalho no centro da cidade.
À porta da sua loja de souvenirs, bem perto a Igreja dos Clérigos, Bilal Hossain, que trocou o Bangladesh por Portugal há 17 anos, só tem elogios para os portugueses.
"Nestes 17 anos, não tem sido tudo fácil, mas os portugueses são muito simpáticos e gentis, tenho muitos amigos cá", disse.
Uns metros abaixo, na rua das flores, encostava-se ao balcão do seu negócio o indiano Sonny. Já tem duas filhas portuguesas e espera viver cá "muitos mais anos", mas queixava-se que "tem tido problemas" com a documentação.
"Os serviços sociais têm alguns problemas. Não tenho cartão de residência porque expirou há seis meses e não consigo renovar", lamentou.
Apesar dos constrangimentos, foi mesmo pela "facilidade em obter o visto de residência" que o estafeta Torikul Islam veio do Bangladesh até Portugal. Enquanto esperava que um um novo pedido caísse no seu telemóvel, contou que só sofre preconceito de estrangeiros.
"Os portugueses são pessoas simpáticas. Já tive problemas, mas com pessoas de outros países", contou.
De acordo com o Barómetro sobre Imigração, divulgado na terça-feira, mais de 60% dos portugueses questionados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos defendem que o número de imigrante do subcontinente indiano deve diminuir, sendo que 3 em cada 10 entendem mesmo que a redução deve ser acentuada.
A percentagem de oposição aos imigrantes de países como a Índia, Paquistão, Bangladesh ou Nepal chega aos 63%, se o cálculo incluir as não-respostas.
De acordo com este estudo, os portugueses concordam maioritariamente com uma malha mais apertada na entrada de imigrantes. 75,8% dos inquiridos consideram que uma política com entradas mais reguladas e dificultadas seria mais benéfica para Portugal.
No plano económico, 7 em cada 10 portugueses sustentam que a presença de imigrantes contribui para manter os salários baixos em Portugal e 54% dos inquiridos acreditam que, “sem imigrantes”, os portugueses teriam melhores contratos de trabalho. A maioria dos inquiridos (53,5%) reconhece que os imigrantes têm piores condições de trabalho.