18 dez, 2024 - 13:16 • Lusa
Mais de 300 mil alunos estiveram sem aulas, no mínimo durante três semanas este ano letivo, segundo uma estimativa da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que fala de "falta de eficácia" dos planos do Ministério da Educação.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu hoje que os planos lançados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) revelaram "falta de eficácia" para reduzir o número de alunos sem aulas, demonstrando também "falta de ambição para resolver o problema".
"Os alunos sem professor este ano não andam longe dos (números) do ano passado", disse Mário Nogueira, revelando que "ao longo do primeiro período de aulas, sem considerar ausências de curta duração, mais de 300 mil alunos estiveram, no mínimo, três semanas a um mês sem um professor".
Olhando apenas para o último dia de aulas do primeiro período, que terminou na terça-feira, havia ainda cerca de 30 mil alunos sem pelo menos um professor, disse Mário Nogueira, garantindo serem estimativas "abaixo da realidade".
"O primeiro trimestre deste ano letivo demonstrou a falta de eficácia das medidas tomadas pelo Ministério e à falta de professores junta-se a falta de ambição para resolver o problema", acusou o secretário-geral da Fenprof, referindo-se aos projetos "Mais Aulas Mais Sucesso" e "Aprender + Agora" (A+A).
"O novo plano A+A mostra que as ideias daquele ministério são um verdadeiro deserto", disse Mário Nogueira durante uma conferência de imprensa, em que questionou o modelo que prevê que docentes reformados aceitem trabalhar voluntariamente nas escolas.
Se apenas 63 docentes aposentados regressaram ao ensino, sendo pagos para o fazer, existem "poucas dúvidas" que haja docentes que regressem em regime de voluntariado, tal como previsto no plano A+A, defendeu.
Mário Nogueira recordou que continua a haver uma grande diferença entre os jovens que começam a dar aulas nas escolas e os que se aposentam, lembrando que só este ano letivo, entre os meses de setembro e dezembro, reformaram-se 1.686 professores e que no próximo ano, só em janeiro, vão aposentar-se 374 docentes.
Este primeiro período letivo está a ser marcado pe(...)
Os professores realizaram no primeiro período de aulas mais de 60 mil horas extraordinárias, alertando para o risco de em breve haver mais docentes exaustos.
"Em média, um em cada dois docentes teve uma hora extraordinária adicionada ao seu horário de trabalho", revelou o secretário-geral da Fenprof, baseando-se no levantamento feito em 203 agrupamentos de escolas de todo o país, que representam 25,1% da totalidade de estabelecimentos de ensino.
Por detrás desta média, estão realidades como a do Agrupamento de Escolas de Ericeira que atribuiu 371 horas extraordinárias ou o Agrupamento de Escolas de Aveiro que deu 294 horas extraordinárias, segundo o levantamento da Fenprof.
"Os professores foram sobrecarregados com mais de 60 mil horas extraordinárias só no primeiro trimestre de aulas", disse Mário Nogueira, alertando que "isto está a levar muitos colegas a entrar num processo de exaustão sendo possível que alguns destes colegas entrem em situação de baixa a meio do ano letivo".
Mário Nogueira lembrou ainda que estes números dizem respeito apenas "às horas extraordinárias assinaladas no horário, porque muitas escolas usam e abusam da vida dos professores.
Os professores têm um horário com toda a atividade que lhes está atribuída, na ordem das 50 horas semanais", disse.