Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Pobreza. Portugal em "situação crítica" por apoios sociais não subirem com preços

18 dez, 2024 - 11:00 • Lusa

No que toca ao emprego, a Comissão Europeia argumenta neste relatório que "o mercado de trabalho português continua a ser resiliente".

A+ / A-

A Comissão Europeia considera que a eficácia da Segurança Social em Portugal na atenuação da pobreza e das desigualdades de rendimento se deteriorou, falando numa "situação crítica" por os apoios sociais não terem acompanhado o aumento dos preços.

"A eficácia do sistema de proteção social português na atenuação dos riscos de pobreza e na redução das desigualdades de rendimento deteriorou-se. Em 2023, o impacto das transferências sociais - com exceção das pensões - na redução da pobreza diminuiu 3,9 pontos percentuais, situando-se em 19,8% contra 34,7% na União Europeia, o que indica uma 'situação crítica'", refere o executivo comunitário.

Num relatório sobre o emprego na União Europeia (UE), que integra a segunda parte do pacote de outono do Semestre Europeu e que foi hoje divulgado, a instituição justifica que "a diminuição da eficácia das prestações sociais reflete o facto de que, enquanto os preços e os salários nominais terem crescido rapidamente nos últimos anos, as prestações sociais não terem aumentado ao mesmo ritmo".

Além disso, segundo Bruxelas, as desigualdades também se deterioraram em 2023, enquanto a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social permaneceu estável em nesse ano e está dentro da média, sendo "particularmente elevada nas regiões ultraperiféricas dos Açores e da Madeira".

No que toca ao emprego, a Comissão Europeia argumenta neste relatório que "o mercado de trabalho português continua a ser resiliente".

"Num contexto de crescimento económico acima da média da UE, a taxa de emprego melhorou de 77,1% em 2022 para 78,0% em 2023, apoiada pela migração líquida", destaca a instituição.

Ainda assim, Bruxelas alerta que a taxa de desemprego em Portugal aumentou ligeiramente (0,3 pontos percentuais) em 2023, para 6,5%, e que "persiste a segmentação do mercado de trabalho, refletida nas elevadas percentagens de jovens com contratos temporários", que foi de 42,9% no ano passado, contra 34,3% na UE.

Certo é que, apesar dos avisos, "Portugal não parece enfrentar riscos potenciais para uma convergência social ascendente", assegura a instituição no relatório.

No conjunto da UE, a taxa de emprego atingiu um máximo histórico de 75,3% em 2023 e voltou a aumentar para 75,8% no segundo trimestre de 2024.

O objetivo é chegar aos 78%, como estipulado no Plano de Ação sobre o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, aprovado na Cimeira Social do Porto em maio de 2021.

Ao mesmo tempo, no ano passado, a taxa de desemprego na UE diminuiu para um mínimo histórico de 6,1% em 2023, uma tendência que se manteve neste ano de 2024.

O Semestre Europeu é um exercício anual de coordenação das políticas económicas e sociais da UE, no qual do qual os Estados-membros alinham os seus orçamentos com os objetivos e as regras acordadas ao nível comunitário.

Criado após a anterior crise financeira, este instrumento visa garantir um crescimento económico sustentável, a criação de emprego, a estabilidade macroeconómica e a solidez das finanças públicas em toda a UE.

O calendário do Semestre Europeu segue um ciclo recorrente ao começar com a apresentação das prioridades económicas e sociais pela Comissão Europeia e a terminar quando os Estados-membros da UE apresentam os seus projetos de planos orçamentais, período que agora termina para se iniciar nova volta.

O pacote de hoje foi apresentado à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anastácio Lopes
    18 dez, 2024 Lisboa 11:38
    Se é verdade que a atuação da Segurança Social na redução da pobreza é uma nódoa negra do sistema, que nada controla, bem antes pelo contrário, já não é verdade que seja só por isso que as pobreza e misérias alastram no país há décadas, sendo os principais responsáveis, os Governos, os Sindicatos, as Confederações Sindicais, a Provedoria de Justiça que nada fez, etc, pois sempre nos impuseram aumentos na base da percentagem, os quais, qualquer pessoa séria dirá, que dão maiores aumentos a quem mais tem e menores a quem menos tem, empurrando todos os portugueses para estas pobreza e miséria cada vez maiores se nada for feito como há muito o deveria ter sido. Os sujeitos da UE que fazem este Relatório, das duas uma, ou são incompetentes e irresponsáveis, ou nasceram no Arco do Cego onde apenas vêm < parte mais incompetente do sistema e não as mais irresponsáveis do mesmo sistema, pois também a UE nunca fez nenhum reparo às consequências para a população dos aumentos na base da percentagem, não tendo por isso moral nenhuma para estar a emitir relatórios de algo que existe pelas suas inércias, inoperâncias, passividades, incompetências e irresponsabilidades. Se não querem continuar a serem cúmplices desta desgraça humana, assumam alguma responsabilidade para que os aumentos passem a ser maiores para quem menos ganha e menores para quem mais ganha, pois só assim se verá reduzida quer a pobreza quer a miséria e passará a haver uma mais justa distribuição da riqueza gerada.

Destaques V+