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Resultados do Barómetro sobre Imigração são sinal de "falhas nas políticas públicas"

18 dez, 2024 - 09:17 • José Pedro Frazão , Daniela Espírito Santo

São precisas mais medidas de integração para imigrantes do subcontinente indiano, defendem especialistas.

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Pelo menos seis em cada dez portugueses defendem a diminuição do número de imigrantes do subcontinente indiano em Portugal. A conclusão é do Barómetro sobre Imigração lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulgado neste Dia Internacional das Migrações.

A oposição à presença de imigrantes de países como o Nepal, Bangladesh ou Índia atinge um máximo relativamente a inquéritos semelhantes das últimas décadas. Supera a rejeição, também maioritária, de imigrantes chineses e brasileiros.

Os inquiridos consideram que a política de imigração em Portugal está demasiado permissiva e acusam os imigrantes de contribuírem para mais criminalidade, embora os considerem importantes para a economia.

São dados do Barómetro sobre Imigração da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Para António Brito Guterres, especialista em imigração, estes resultados são sinal de falhas nas políticas públicas.

"Para mim, enquanto fazedor de políticas públicas que está no terreno, julgo que estes números mostram que falhamos. E falhamos no quê? Nas políticas públicas, por exemplo, em conseguir aproximação, não só da parte dos migrantes, mas também dos portugueses nessa relação. E falhamos também naquilo que dizemos que são os nossos valores", defende.

Também Pedro Góis, diretor científico do Observatório das Migrações, encara os números sobre migrantes do subcontinente indiano com preocupação e pede mais medidas de integração nas políticas públicas.

"Há aqui, de facto, um concentrar de um olhar negativo sobre este grupo e isso é, obviamente, preocupante e alerta-nos para o que temos de fazer em termos de políticas públicas para a sua integração. Não vão ser um grupo mais difícil de integrar, mas a perceção da sua integração tem também de ser comunicada de uma outra forma", diz.

Pedro Góis, da Universidade de Coimbra, sugere que este desconhecimento que leva a esta percentagem de oposição pelos portugueses poderá dissipar-se com o tempo, como aconteceu com os imigrantes de Leste.

"Se olharmos para os imigrantes de Leste que estudamos em 2004 e 2010, eles hoje estão perfeitamente integrados na sociedade portuguesa", relembra o especialista. A rejeição dos migrantes do subcontinente indiano pode, por isso, ter a ver com "o factor tempo". "É ainda muito recente este movimento massivo em direção a Portugal e não ainda essa capacidade de perceber", defende.

Pedro Góis e António Brito Guterres são os convidados desta semana do Da Capa à Contracapa, num debate com o jornalista José Pedro Frazão que pode ouvir em formato podcast.

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