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Diretor municipal diz que lixo em Lisboa agravou-se, mas podia ser pior

27 dez, 2024 - 12:23 • Lusa

Pedro Moutinho referiu que o cumprimento dos serviços mínimos está "a minorar os efeitos" da greve dos trabalhadores da higiene urbana.

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Ao segundo dia de greve total na recolha do lixo em Lisboa, "a situação obviamente agravou-se, mas não tanto como podia ser o pior cenário", observou o diretor de higiene urbana do município.

Em declarações telefónicas à Lusa, Pedro Moutinho referiu que o cumprimento dos serviços mínimos está "a minorar os efeitos" da greve dos trabalhadores da higiene urbana.

O colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) decretou serviços mínimos para a paralisação na área da higiene urbana em Lisboa, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), entre o Natal e o Ano Novo.

"A adesão é inferior a 50% neste momento, número que ainda é muito alto, já que acima dos 10 ou 15% já teria impacto", admitiu Pedro Moutinho.

Antes, o STML situara a adesão à greve nos 60%, justificando a descida -- na quinta-feira atingiu os 80% - com a instauração dos serviços mínimos, que considera desproporcionais e aos quais apresentou uma providência cautelar, que aguarda ainda decisão do tribunal.

Os trabalhadores da higiene urbana do município estão desde quarta-feira e até 02 de janeiro em greve ao trabalho extraordinário, sendo que na quinta-feira e hoje cumprem uma paralisação total. .

Para o Ano Novo está prevista greve ao trabalho normal e suplementar no período noturno, entre as 22h00 do dia 01 e as 06h00 do dia 02 de janeiro.

"Estamos a conseguir retirar bastante, mas continua a acumular-se lixo", relatou hoje o diretor de higiene urbana.

"A pressão é grande", referiu, repetindo o apelo à população para que não deposite o lixo seletivo (vidro, embalagens, papel) nos ecopontos.

Nesta manhã, estavam garantidos 38 circuitos de recolha, indicou, reconhecendo, contudo, que se está "atrás do prejuízo".

"Estamos atrás do prejuízo, porque, nesta altura, devíamos estar a responder no máximo", admitiu.

Segundo o STML, os serviços mínimos decretados estão a assegurar cerca de metade dos circuitos de recolha habituais.

Pedro Moutinho disse ainda esperar que o fim da greve total - a paralisação nos próximos dias e até dia 02 de janeiro passará a ser apenas ao trabalho extraordinário - "alivie um pouco a pressão" e permita "recuperar o que está acumulado" num município onde são recolhidas 900 tonelada de lixo por dia.

Os sindicatos justificam a realização da greve com a ausência de respostas do executivo municipal, liderado por Carlos Moedas (PSD), aos problemas que afetam o setor da higiene urbana, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

Segundo dados do STML, 45,2% das viaturas essenciais à remoção encontram-se inoperacionais, 22,6% da força de trabalho está diminuída fisicamente ou de baixa por acidentes de trabalho e existe um défice de 208 trabalhadores.

A Câmara de Lisboa assegurou que 13 dos 15 principais pontos do acordo celebrado em 2023 estão a ser cumpridos.

Os restantes dois - obras nas instalações e a abertura de bares em todos os horários e em todas as unidades - estão em fase de conclusão, indicou.

Para minimizar os efeitos do protesto, a autarquia decidiu implementar um conjunto de medidas, nomeadamente criar uma equipa de gestão de crise, disponível 24 horas; distribuir contentores de obra, em várias zonas da cidade, para deposição de lixo; pedir aos cidadãos que não coloquem o lixo na rua, sobretudo papel e cartão; apelar aos grandes produtores que façam a sua recolha durante estes dias; e pedir a colaboração dos municípios vizinhos, com possibilidade de utilização de eco-ilhas móveis.

A greve convocada pelo STAL alargou-se ao setor dos resíduos urbanos no vizinho concelho de Oeiras e a vários municípios da região Norte.

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  • Anastácio Lopes
    27 dez, 2024 Lisboa 14:08
    E estranho ou talvez não que um Diretor Municipal, pago a peso de ouro, esteja mais preocupado em ver as lindas mas dispensáveis imagens que a falta de recolha do lixo nos impõe, em vez de, como é seu dever e sua obrigação, procurar fazer algo para respeitar o acordado com os sindicatos para que a greve possa terminar, ou não será no mínimo estranho tal postura, que é bem a imagem de marca de todos e de cada um dos políticos da CML atual, que nada continuam a fazer em prol das necessidades dos munícipes. Perante comportamentos como este como podem os munícipes qualificar quem os assume e os serviços assim nunca prestados por quem é pago para os prestar mas a única coisa que nos prova é verificar se a rua A ou a Rua B têm mais ou menos lixo e assim estão mais ou menos decoradas do que as outras ruas, sem nada se preocupar com as implicações na saúde pública destas vergonhosas situações, as quais se verificam, por falta de respeito pelo acordado com os sindicatos pelos que assim fingem dirigir a CML. Onde estão as vergonhas municipais assim postas a descoberto por uma simples greve pelos que continuam a serem vítimas das incompetências e irresponsabilidades de quem nunca soube dirigir a CML, como é o caso deste Diretor Municipal que assume esta postura em vez de algo fazer para que a greve termine. Palavras para quê políticos da CML desde os vereadores ao Presidente, é isto que nos sabem impor e é para isto que nos vêm pedir o voto quando dele necessitam?

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