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Reportagem

Lixo amontoa-se em Lisboa no segundo dia de greve

27 dez, 2024 - 10:15 • João Cunha

Os trabalhadores da higiene urbana de Lisboa cumprem segundo de dois dias de greve total. Entre greves no horário normal e no noturno, a recolha de lixo só deverá normalizar depois de dia 2 de janeiro.

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É notório o aumento do lixo em Lisboa, devido a greve dos trabalhadores de higiene urbana. Em várias zonas da cidade, os caixotes foram colocados na rua, para serem recolhidos, mas esta manhã lá estavam, por despejar, juntamente com sacos colocados no chão.

Muitos contentores subterrâneos já transbordam e, junto a eles, os munícipes foram colocando sacos fechados, por ser impossível guardá-los em casa.

"Tive em casa um saco cheio de restos da ceia de Natal. Desde o cheiro dos restos de bacalhau às cascas do camarão, foi impossível manter o lixo na dispensa", explica Ana Patrício, à Renascença, depois de colocar no chão, junto aos caixotes, um saco de 50 litros bem atado, nas Avenidas Novas.

Ali não muito longe, há uma "guerra" entre gaivotas e pombos, para ver quem fica com o melhor pedaço de pão que acaba de sair de um outro saco de lixo que, entretanto, rasgaram.

Na Avenida Almirante Reis, à porta de quase todos os edifícios, conjuntos de caixotes a transbordar, ali colocados ontem à noite, na esperança de que alguém os despejasse. Mas, esta manhã, lá estavam, provocando o desespero de um proprietário de um pequeno café, aos Anjos, que não sabia onde mais colocar o lixo.

Foto: João Cunha/RR
Foto: João Cunha/RR

Ainda discutia com um funcionário a possibilidade de colocar o lixo na carrinha de serviço, que habitualmente serve para transportar alimentos, e ir à Praça de Londres depositá-lo num dos contentores que a autarquia distribuiu pela cidade para a deposição de lixo orgânico e reciclável, numa tentativa de atenuar os efeitos da greve. Mas, rapidamente, Carlos, o tal proprietário do café, achou má ideia colocar sacos de lixo no veículo onde transporta alimentos.

Numa dessas carrinhas, um funcionário de uma empresa de distribuição estaciona numa rua de Alfama, ao lado de mais lixo amontoado em sacos. Mas nos minutos seguintes, uma carrinha da freguesia de São Vicente chega e recolhe os sacos. O mesmo fazia uma outra carrinha da Higiene Urbana de Lisboa na zona de Chelas velha, onde o lixo já formava uma montanha.

Na zona J, Isabel Marques confessava, à Renascença, que o problema da acumulação de lixo não estava na recolha. "Os caixotes estão vazios", garantia.

"O problema são as pessoas, que em vez de acionarem com os pés as tampas dos caixotes, preferem atirá-los para o chão", diz.

Enquanto esperava numa paragem por um autocarro, Cláudia Alves desabafa: "Desde que temos estes caixotes novos nunca estivemos como estamos agora, com lixo acumulado no chão. As pessoas têm preguiça de carregar no pedal para o caixote abrir e pôr o lixo lá dentro".

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  • Anastácio Lopes
    27 dez, 2024 Lisboa 14:21
    Por muita razão que os sindicatos tenham para a marcação e realização desta greve, é altura de perguntar aos sindicalistas que dirigem tal sindicato se têm a noção do sacrifício financeiro que está a ser exigido aos seus filiados, que se queixam de ganharem mal, mas apesar disso, sabem como vai ficar os ordenados de cada aderente a esta greve, quando os dias não trabalhados lhes forem descontados? Não será altura de começar a exigir aos sindicatos em geral e a este em particular, que 50 anos após o 25/4/1974, quando se dignam pagarem aos seus filiados aderentes às greves que marcam os dias não trabalhados, para que este impacto nos vencimentos dos aderentes não seja aquele que será quando os dias não trabalhados lhes forem descontados? Muito mal está quem trabalha em Portugal, com sindicatos que se limitam a marcarem greves, totalmente insensíveis ás consequências das graves que decidem marcar para os aderentes às mesmas, para que o dever de cidadania não esteja só no papel, e se importem algo com as fome, pobreza e miséria para onde empurram os seus filiados? É bom não esquecer que também este sindicato, a exemplo de todos os outros nunca propôs aumentos maiores para os que menos ganham e menores para os que mais ganham, contribuindo asso para um cada vez maior número de pobres e a miséria a alastrar, como se fosse destas indignantes formas que se defende alguma vez quem alegam defender. Até quando os trabalhadores portugueses terão de serem usados por sindicatos politizados

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