Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

União das Misericórdias diz que não consegue suportar "impacto brutal" do aumento do salário mínimo

29 dez, 2024 - 08:00 • Henrique Cunha

"Os aumentos são justos, mas é preciso termos dinheiro para eles”, alerta o presidente da União das Misericórdias Portuguesas. Manuel Lemos diz que o salário mínino "tende a ser o salário médio das instituições".

A+ / A-

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) diz que não consegue suportar o aumento do salário mínimo, que passar para os 870 euros, mais 50 euros do que no ano que agora termina.

"Estes aumentos têm um impacto brutal na tesouraria das instituições", diz à Renascença o presidente da UMP, Manuel Lemos, alertando para o risco de poderem “provocar o encerramento de respostas sociais”.

“Não queremos isso, mas, de facto, aquilo a que estamos a assistir é uma coisa mais moderada, mas que leva a isso porque, quando uma instituição encerra uma unidade de cuidados continuados, quando uma instituição encerra uma unidade de prestação de cuidados a crianças em perigo, estamos de alguma maneira a desproteger o Estado Social que todos queremos."

Manuel Lemos defende que o Estado terá de resolver o problema: "No quadro da cooperação, o Estado pede às instituições que desempenhem funções que não consegue executar e, por isso, cabe ao Estado suportar esse aumento de encargo que o próprio Estado gera quando aumenta os salários mínimos."

O presidente da UMP reconhece que o sector social "não paga bem", algo que seria necessário: "Todos nós temos a consciência de que o sector não paga bem. E que para cumprirmos bem a nossa missão temos de ter trabalhadores bem pagos porque as funções que eles desempenham exigem isso mesmo: cuidar de crianças, cuidar de idosos, cuidar de deficientes exige competências e salários aceitáveis."

”Embora tenhamos ao longo dos anos melhorado a situação das pessoas, temos a consciência de que estamos ainda muito longe do desejável”, reforça.

Lemos insiste na ideia de que o Estado tem de continuar a melhorar as comparticipações ao sector e dá o exemplo da resposta social mais importante, a do apoio aos idodos: "Nas estruturas residenciais para idosos, as ERPI, o Estado paga apenas 39 por cento. Se pagasse 50 por cento, perceberíamos que estávamos em condições de pagar mais e melhor e que o salário mínimo não era como cada vez tende a ser o salário médio das instituições."

"Isso é que nós achamos que é dramático”, entafiza o presidente da UMP.

“Hoje, somos capazes de dizer com segurança quanto é que custava, no final de 2023, cada uma das respostas sociais. O governo tem manifestado disponibilidade de ajudar neste trabalho. O que agora temos de fazer é de proceder às atualizações justas porque no dia 31 de Janeiro vamos ter de pagar aqueles salários mínimos que, repito são justos, mas é preciso termos dinheiro para eles”, remata Manuel Lemos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anastácio Lopes
    30 dez, 2024 Lisboa 15:36
    Será que este alegado dirigente conhece o DEVER DE CIDADANIA e o respeita? Será conveniente recordar o mesmo que entre outros tem o PRINCÍPIO da COERÊNCIA PARA RESPEITAR, POIS NÃO BASTA AFIRMAR QUE O AUMENTO DE QUEM TRABALHA É LEGÍTIMO, e eu acrescento justo, moral e intelectualmente honesto e depois vir afirmar que não tem dinheiro para pagar esses aumentos a quem a eles tem legítimo direito, o que não respeita coerência nenhuma, sem esquecer, que era esta a altura ideal para abdicar de parte do seu vencimento e outras alcavalas, como cartões de crédito, viatura, quiçá motorista, etc, para que o valor que afirma faltar para poder pagar tais aumentos possa de alguma forma ser menor, ou não será assim procedendo que o dever de cidadania será respeitado? Recordo ainda este sujeito, dos milhões que a SCML através do seu então Provedor, esbanjou nos negócios de jogo que fez com os brasileiros e que nunca pagou à instituição que ficou sem tal valor, o qual, chegaria e sobrava para fazer face a tal despesa com os aumentos de que se queixa não ter dinheiro para pagar. São estas as formas competentes, responsáveis, morais, humanos e legais de exercerem os cargos para os quais são pagos pelo erário público português?
  • Inspeção das finança
    30 dez, 2024 Burg 13:50
    A inspeção de Finanças que verifique a escita deles para ver se assim é.
  • Fernanda Lopes
    29 dez, 2024 Ermesinde 17:49
    Tudo o que diz é muito verdadeiro, acabam-se as categorias e as carreiras e os pobres não conseguem ter acesso às respostas sociais, sobretudo as ERPI's. Os políticos vangloriam-se com o excelente trabalho das IPSS's, mas para a exigência da Segurança social só digo que não se fazem omeletes sem ovos. Somos o parente pobre da saúde, andamos sempre mendigar. Não há trabalho digno sem salário digno.
  • José antunes
    29 dez, 2024 Guimaraes 15:23
    Porquê assinar um acordo aparte da CNIS? Há que resolver mas em conjunto . Todos fazemos parte do mesmo. Não entendo as queixas ou posso querer entender, mas “ ninguém se arme em carapau”. É nada mais digo. Um ano de esperança e de união
  • Inspecionem
    29 dez, 2024 Burgo 15:06
    Recebem a parte de leão dos jogos de azar que os tugas consomem como se se tratassem de bolos de chocolate. Se alegam não ter dinheiro para suportar aumentos de salário minimo, as finanças devem inspecionar ao pormenor a contabilidade destes tipos, pois para algum lado, o dinheiro está a ir.

Destaques V+