31 dez, 2024 - 08:47 • Alexandre Abrantes Neves , Olímpia Mairos
Assinalam-se esta terça-feira cinco anos desde o dia em que a China comunicou à Organização Mundial da Saúde (OMS) a existência de uma pneumonia sem causas identificadas. Viria a chamar-se Covid-19 e a provocar uma pandemia que chegou aos quatro cantos do mundo.
Desde 2020, foram diagnosticados mais de 700 milhões de casos em todo o mundo e mais de 7 milhões de pessoas morreram devido ao vírus Sars-Cov-2.
Em Portugal, há registo de mais de 29 mil mortes e muitas mais foram evitadas, graças às campanhas de vacinação.
À Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, aponta a colaboração entre países para agilizar a entrega de vacinas como uma das maiores aprendizagens da pandemia.
“Aquilo que aprendemos de uma forma mais cabal é a rapidez com que estas doenças podem passar de um ponto para o outro do globo e a necessidade de estarmos todos atentos e interligados a ajudar-nos enquanto países”, diz, assinalando que esta é “uma forma mais efetiva e, se calhar, a mais indicada para conseguirmos trabalhar novas pandemias que vão surgir”, diz.
Em 2024, morreram cerca de 70 mil pessoas, 50 veze(...)
O médico de saúde pública lamenta, no entanto, que - desde o fim da pandemia - o uso de máscaras tenha caído, nomeadamente em hospitais.
“Aquilo que devíamos ter aprendido era que a máscara é uma ferramenta extremamente importante e eficaz para minimizar o risco de transmitir doenças respiratórias que nós podemos estar neste momento a ter para as pessoas que estão à nossa volta”, defende.
No entender de Tato Borges precisávamos de ter uma comunicação mais eficaz para que as pessoas percebam que “a máscara não é uma restrição à sua liberdade, mas é sim um sinal de respeito uns pelos outros”.
Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública diz, ainda, que o Estado falhou na prestação de cuidados a outras doenças durante a pandemia e os resultados só agora se estão a sentir.
“Eu espero que numa próxima circunstância tenhamos outra capacidade de resposta, permitindo que alguns hospitais pudessem ser locais de referência para a pandemia e deixar outros hospitais, mais de retaguarda se calhar, disponibilizados para atendimento das pessoas com patologia não relacionada com a pandemia”, aponta Tato Borges.
“E dessa forma temos uma resposta mais eficaz e com menos mortes, com menos carga de doença, que vamos agora atrás do prejuízo tentando minimizar na vida das pessoas”, conclui.