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Presidenciais 2016

Paulo Morais sobre Passos, Sócrates e a corrupção, sempre a corrupção

09 abr, 2015 - 18:38 • João Carlos Malta

Já comparou promotores imobiliários a vendedores de droga para dizer que se especializou no combate a traficantes. Paulo Morais vai agora lutar para ser Presidente. Critica muitos, mas também é criticado: dizem que faz da corrupção "o seu mercado, a sua bolsa de valores".

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Paulo Morais é um minhoto de gema. Há 51 anos nasceu em Viana do Castelo. Fez-se homem e professor de Matemática, mas foi a passagem pela vereação do Urbanismo da Câmara do Porto que lhe trouxe os primeiros focos da atenção pública.



Mas é já fora da política que o palco mediático escancara as portas para o vice-presidente da Associação Transparência e Integridade. O combate à corrupção ganha um novo militante e um soldado dedicado. O tema torna-se cada vez mais relevante à medida que os escândalos envolvendo figuras importantes (económicas e políticas) se sucedem. E Morais está na linha da frente do comentário a. Ganha popularidade e o desejo de voltar à vida política volta.



Ao "Expresso", no mês passado, disse: "Estou a preparar qualquer coisa. O quê? Não sei." Na mesma entrevista afirma que quer ter "uma intervenção política activa". E esta quinta-feira, nas páginas do "Correio da Manhã", escolheu o veículo: uma candidatura à Presidência da República.



Contactado pela Renascença, Paulo Morais diz que não quer falar antes de 18 de Abril, data em que apresenta o seu programa eleitoral.



Da direita à esquerda, Morais não deixa de "malhar" em quem entra no seu radar da corrupção, não teme nomear quem critica. Muitas vezes e, como confidenciou ao "Jornal de Notícias" em 2008, isso fá-lo sentir um "D. Quixote".



A versão quixotesca vale-lhe também algumas críticas, como o episódio em que se disponibilizou a enviar à comissão de inquérito a lista dos beneficiários de empréstimos do BES Angola, que alegava ter em seu poder.



Mas tudo o que fez chegar aos deputados foi uma lista, com 15 nomes, feita por ele próprio, num papel timbrado com o símbolo da Associação Transparência e Integridade, sem qualquer documento oficial de suporte.



A sua cruzada anticorrupção também já lhe valeu bastantes críticas, como a que Azeredo Lopes lhe dedicou num artigo de opinião. Rotulou-o de "campeão nacional de seniores" na maledicência contra políticos.



"Todos são corruptos e uma qualquer luz superior indicou-lhe o caminho: vai, Paulo, alumia aquela gente! De alguma forma, a corrupção é o seu mercado, a sua bolsa de valores", escreveu o chefe de Gabinete de Rui Moreira.



Este é um resumo do pensamento de Paulo Morais com base em artigos de opinião publicados na Renascença e no "Correio da Manhã", bem como em entrevistas ao "i" e ao programa televisivo "5 para a meia-noite".



Política e políticos

"Instalou-se na política o vício do consenso, uma prática agora abençoada pelo Presidente da República e que faz lembrar os parlamentos da União Nacional fascista. Onde, como agora, havia muito consenso, mas não havia nenhum senso." 13.05.2013



"O exercício da política está pelas ruas da amargura. Periga a democracia porque este regime constitucional já não funciona. E não porque a Constituição seja má, ou porque seja necessário uma nova. Falta é cumprir a Constituição que temos". 14.03.2015



"Porque será que tantos políticos se dedicam à vida empresarial? E o que irão eles fazer para as empresas? Negócios com o Estado, claro está. Quase sempre. Negócios de milhões. Os lugares dourados em empresas do regime são, aliás, o destino final das carreiras políticas dos mais habilidosos".



Passos Coelho



[Depois da entrevista do pai de Passos ao jornal "i"] "Já tínhamos visto muitos políticos a fazer campanha com os filhos ao colo. Agora ver um primeiro-ministro ao colo do pai, é de facto inovador. Inovador e mau, pois a ser assim, seria utilizar o pai como instrumento de propaganda. E, neste caso, seria o filho que não respeitava o pai. (…) Em qualquer das hipóteses, o pai, o filho… ou os dois, não estão a respeitar os portugueses".



"À pressa e às escondidas, o Governo quer privatizar a TAP. Não deve fazê-lo. Até porque, em matéria de privatizações, Passos Coelho leva um triste historial. Cujas principais marcas são falta de sentido estratégico, submissão aos mais obscuros interesses económicos e secretismo". 07.03.2015



"Passos Coelho privatiza tudo: BPN, EDP e REN, Fidelidade, ANA, EGF, e agora também a TAP. Aliena ao desbarato o património público, numa sequência de processos manchados pela promiscuidade entre decisores públicos que vendem e os adquirentes privados". 31.01.2015



Durão e Portas

"Durão Barroso, à época primeiro-ministro, é hoje detentor de um cargo internacional e nem se apoquenta pelo facto de a sua honorabilidade ser posta em causa ao estar ligado a tão obscuro processo. Paulo Portas, à altura o ministro da Defesa responsável pela compra, atingido na sua honradez, desacredita, enquanto actual ministro dos estrangeiros, a imagem do nosso país."



"Neste caso que já envergonha o Estado português, os actores envolvidos continuam à tona, os submarinos estão submersos e o processo judicial parece estar enterrado."" 01.07.2013



Corrupção



"Os promotores imobiliários têm lucros parecidos com os traficantes de droga. No fundo estive naquele mandato [na Câmara do Porto] sempre a combater traficantes. Os traficantes de droga nos bairros sociais e os traficantes de solos."



"A corrupção é actividade política principal em Portugal. Despareceu tanto dinheiro que não bastou incompetência houve muita competência a mais na corrupção."



"Processo arquivado! A Justiça portuguesa desistiu da acusação de corrupção no negócio dos submarinos. Embora ninguém tenha dúvidas de que houve corrupção. E da grossa." 10.01.2013



"De acordo com os indicadores internacionais, Portugal é um dos países mais corruptos da Europa. Mas é, neste grupo, onde os corruptos gozam de maior impunidade e nunca são presos. E não é porque não haja crimes". 01.11.2014



"Há, claro que há [políticos honestos]. Eles dividem-se em três grupos: os corruptos são uma minoria - serão 10% e 15% - só que é uma minoria que manda na maioria do dinheiro." 08.06.2013



Campanhas eleitorais



"Vivemos um momento dramático no plano económico, o desemprego não pára de crescer, a fome e a miséria acentuam-se. Mas, ainda assim, já se derretem milhões nas campanhas eleitorais autárquicas em curso. Os cartazes com as caras dos candidatos dominam a paisagem, milhares de apoiantes são angariados para comezainas à borla". 08.07.2013



Sócrates



"Sócrates está preso há mais de quatro meses, o que surpreende muita gente; de facto, a situação é inédita. Mas, face às maldades que vêm sendo feitas pelos políticos ao povo português, o que mais espanta é o facto de apenas Sócrates estar preso, que não haja dezenas de políticos na cadeia." 21.03.2015



Enriquecimento ilícito



"O enriquecimento ilícito de políticos deve ser penalizado? Sem dúvida. Há imensos casos de políticos que, de forma inexplicável, acumulam fortunas obscenas. Têm de se justificar. Quem exerce funções públicas tem mais obrigações do que os restantes cidadãos e deve evidenciar a origem dos seus bens. Se o não fizer, deve ficar sem bens e responder perante a Justiça". 21.02.2015



Autarquias



"Os autarcas têm mais onde gastar dinheiro, distribuindo empregos por boys partidários ou repartindo benesses pelos mais diversos grupos de apaniguados. É claro que depois faltam recursos para aquela que deveria ser a primeira das missões municipais, a manutenção e conservação do espaço público." 21.02.2015



Dívida pública

"A forma como o governo lida com a dívida pública está a destruir a economia. Ter o pagamento de empréstimos como primeira das prioridades apenas beneficia o sector financeiro. Em Portugal (ou na Grécia!), é certo que a dívida pública deve ser paga. Mas de forma justa e sustentada. O que significa honrar apenas os créditos contraídos com juros decentes e que geraram investimentos socialmente úteis. E com limites anuais bem definidos". 14.02.2015



Empresas e empresários



"Beneficiam hoje de rendas nas parceiras público-privadas da saúde como acontece com o grupo Mello ou o Espírito Santo. Obtêm concessões em monopólio, como acontece com a Brisa, detentora das auto-estradas de Porto a Lisboa. Já no antigo regime, obtinham licenças de favor ao abrigo dum modelo em que só os amigos do regime podiam criar empresas". 30.04.2012



"António Mota é decididamente o empresário do regime. Nos partidos do arco do poder, contrata políticos de todos os quadrantes."



Paulo Morais por Paulo Morais



"Sinto necessidade de intervir tendo em vista uma alteração deste paradigma. Às vezes sinto-me um pouco como um D. Quixote, mas apesar de tudo um D. Quixote que já derrubou alguns moinhos." 20.07.2008

Comentários
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  • Carlos Mendes
    15 out, 2015 Valongo 13:05
    Portugal tem uma sociadade onde se vive de favores, onde a corrupcao reina, comecando pelos politicos que elegemos, com as negociatas que fazem, nunca ha responsaveis, leis feitas para proteger o expediente

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