13 set, 2015 - 15:59
O secretário-geral do PS criticou a promessa de Pedro Passos Coelho de uma subscrição pública para auxiliar os lesados do BES, recusando voltar a um país onde o acesso aos direitos fundamentais "dependa da caridade do primeiro-ministro".
"Não foi uma gafe o que o primeiro-ministro disse ontem, foi mesmo a tradução do seu pensamento profundo. O entendimento de que estas coisas dos mercados não têm nada a ver com os governos e que os governos podem lavar as mãos como Pilatos quando os mercados desregulados lançam aqueles que confiam no funcionamento das instituições e lesam aqueles que confiam as suas poupanças à especulação e depois se vêem traídos", disse António Costa num almoço de pré-campanha que junta em Matosinhos mais de duas mil pessoas.
O secretário-geral do PS criticou assim a promessa feita no sábado por Pedro Passos Coelho, que se disponibilizou para organizar uma subscrição pública para auxiliar os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) que não tenham recursos económicos para recorrerem aos tribunais, e garantiu que os socialistas rejeitam voltar a um país onde o acesso aos direitos fundamentais "dependa da caridade do primeiro-ministro".
António Costa deixou um apelo claro à mobilização de socialistas, militantes e "todos aqueles que não sendo do PS e nunca tendo sido do PS percebem que desta vez o que está em causa não é uma mera alternância de caras no Governo".
"O que está em causa é enfrentarmos uma direita que no seu radicalismo ideológico está disponível para pôr em causa tudo aquilo que julgávamos que já ninguém poria em causa alguma vez em Portugal, que é a natureza pública da escola, o Serviço Nacional de Saúde, o sistema público de pensões e o acesso à justiça sem restrições porque o acesso à justiça tem que ser garantido a todos tal como a habitação, tal como a saúde, tal como a educação, tal como qualquer direito fundamental", alertou.
O secretário-geral do PS garantiu que "continuando no mesmo caminho vai prosseguir-se nesta trajectória de desemprego, de agravamento da pobreza, de não crescimento", sendo a alternativa a esse caminho "o PS, o partido da mãozinha".
António Costa garantiu que para os socialistas, o acesso à educação, à saúde, a garantia da segurança social e o acesso à justiça "não depende de uma subscrição pública, são direitos fundamentais de cada cidadão que cumpre ao Estado assegurar e não distribuir nem por caridade, nem por subscrição pública".
Criticando Passos Coelho por estar "disponível para organizar uma subscrição pública e generosamente dar do seu próprio dinheiro", o cabeça de lista do PS pelo círculo de Lisboa deixou o aviso de que "quando se começa a entender que um direito fundamental como o acesso à justiça se resolve com base na esmola é só um começo".
"Porque depois da justiça vem a escola, depois da escola vem a saúde, depois da saúde vem a segurança social porque verdadeiramente o sonho desta direita é podermos voltar ao antigamente, onde cada um estava entregue à sua sorte e à sorte das condições que estavam marcadas à sua nascença", afirmou.
Costa voltou a insistir que o actual Governo vai ficar na história como o primeiro que vai cessar funções a deixar um PIB menor do que aquele que herdou e recordou que é preciso ter ciente é que a receita que a direita aplicou, falhou.