21 set, 2015 - 15:39
O presidente do PSD remeteu esta segunda-feira para a concertação social a forma de reduzir 600 milhões de euros na Segurança Social, bem como a definição de um valor a partir do qual propõe um tecto para as pensões, mas deixou uma garantia.
Trata-se de "pensões que valem vários milhões de euros", as chamadas "pensões milionárias", que não incluem a "grande maioria" das pessoas.
"A pensão média, estatutária, em Portugal, anda por valores que não são muito superiores a 900 euros. Estamos a falar de múltiplos disto, de três vezes isto, quatro vezes isto, cinco vezes isto. Não estamos a falar de uma coisa que deva, no essencial, preocupar a grande maioria daqueles que recebem", afirmou o líder do PSD, após uma visita a uma empresa produtora de azeite de Beja.
Perante a insistência dos jornalistas para que avançasse um valor a partir do qual se aplicaria esse tecto nas pensões, Passos Coelho repetiu sempre que será aquele que vier a ser definido em concertação social. No mesmo sentido, o líder social-democrata para a concertação social a forma de "reforçar o financiamento da Segurança Social em 600 milhões" de euros.
Passos Coelho relacionou esta matéria com as poupanças que, disse, o PS tencionava fazer na Segurança Social, 1.020 milhões em prestações sociais e cerca de 1.660 milhões de euros nos próximos quatro anos congelando pensões.
"As pensões estão congeladas, não há poupança nenhuma. Qual poupança?", questionou, sublinhando que as únicas pensões que foram descongeladas pelo actual Governo foram as mais baixas, as mínimas, socais e rurais.
"Já vamos em 1.020 milhões mais 1.600 milhões sem explicação. Porque é que o PS não diz o que pretende com estas matérias?", interrogou-se.
"Nós já iremos hoje para o quinto dia sobre o debate e continuamos a não ter um esclarecimento do líder do maior partido da oposição quanto à forma como está a prever a introdução de condição de recursos para as prestações solidárias. Todos os dias temos chamado a atenção para esse problema e todos os dias há um silêncio que é, de facto, ensurdecedor", afirmou Pedro Passos Coelho quando questionado sobre a que se referiu no domingo à noite.
Confrontado com o facto de ter referido esses "silêncios ensurdecedores" num passo da sua intervenção em que estava a falar do BES e da necessidade de se acabar com privilégios, Pedro Passos Coelho respondeu que estava a rematar uma intervenção sobre a "independência do Estado", nomeadamente dos grupos económicos, e sobre a importância das grandes reformas, sobretudo a da Segurança Social, e que o silêncio a que se referia "tem a ver com as duas coisas".
Costa reafirma: Cortar 600 milhões nas pensões não
Do lado do PS, António Costa voltou a recusar discutir a reforma da Segurança Social, sustentando que os socialistas não alinham num corte das pensões em pagamento.
António Costa falava em resposta a um idoso no vale da Vilariça, numa exploração de regadio com cerca de dois mil hectares e que abrange os concelhos de Vila Flor, Torre de Moncorvo e Alfandega da Fé.
Um idoso pediu ao líder do PS para não ir na "façanha" de Pedro Passos Coelho sobre a Segurança Social e António Costa respondeu imediatamente: "Ele sabe que, para cortar 600 milhões de euros, precisa de uma revisão da Constituição, mas não vai ter acordo nenhum do PS", declarou.
Acompanhado pelo secretário nacional do PS para a Organização, Jorge Gomes, também cabeça de lista socialista por Bragança, António Costa ouviu sobretudo explicações técnicas sobre os projectos de expansão daquele regadio do nordeste transmontano e falou no programa do seu partido que prevê um plano nacional para o regadio, a reparação e a construção de barragens.
No vale de Vilariça, há explorações a produzirem em larga escala pêssegos, pera rocha e cerejas e com uma aposta crescente no olival, tendo como base a utilização de novas técnicas de aproveitamento da água (como a rega em simultâneo com a aplicação de fertilizantes) para propriedades de cerca de 800 agricultores.
Já na parte final da visita, um agricultor manifestou-se descrente com os políticos e com os governos nacionais, e António Costa respondeu-lhe com humor: "Eu experimento os seus pêssegos e o senhor experimenta o meu governo".
Num breve discurso perante algumas dezenas de agricultores que acompanharam a sua visita, o líder socialista manifestou a sua satisfação com a qualidade do projeto agrícola do Vale de Vilariça, sobretudo com a articulação existente entre as instituições de Ensino Superior transmontanas e as práticas de regadio.
"É um bom exemplo de articulação entre inovação e melhoria da produção, permitindo em consequência uma melhoria do rendimento das pessoas. Por isso, é muito importante o país aproveitar as verbas comunitárias para se poder alargar os perímetros de rega e para se recuperar aqueles que têm de ser recuperados", disse.
Depois, referiu que o programa eleitoral do PS apresenta a meta de alargar e recuperar mais de 60 mil hectares de regadio, "o que é importante para a valorização dos solos do território nacional".
"Podemos aumentar muito a produção, mantendo a qualidade", completou, antes de elogiar os jovens empreendedores rurais.
"Tenho muita pena que no Plano de Desenvolvimento Rural não tenha ficado consagrada a figura do empreendedor rural, mas isso está previsto no programa de Governo do PS", contrapôs.
Num almoço comício em Bragança, António Costa balizou o que pretende para reforma da administração pública: mais barata para os contribuintes e mais eficaz.
O líder socialista garantiu que a administração da máquina do Estado pode ser feita sem prejudicar as populações, nomeadamente no interior do país.
[notícia corrigida às 22h48 - Plafonamento começa nas pensões de “vários milhares de euros” e não "milhões de euros"]