07 out, 2015 - 03:34
O secretário-geral do PS, António Costa, considera que o Presidente da República teve uma “intervenção bastante atípica” ao convidar Passos Coelho para formar Governo sem ouvir os outros partidos.
“Eu não acho que fosse muito construtivo, neste momento, comentar a intervenção do senhor Presidente da República que é, em si, bastante atípica”, disse António Costa no final da Comissão Política Nacional, que decorreu em Lisboa.
O líder socialista lembra que, segundo a Constituição, “o Presidente da República, na sequência do acto eleitoral, deve promover a audição das diferentes forças políticas”, mas até agora só recebeu o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
“Bem sei que também não houve uma acto de indigitação, houve um convite para que o Dr. Passos Coelho procedesse a avaliações. São figuras novas, relativamente atípicas, mas que não conduzem para boas soluções de estabilidade governativa nem de diálogo entre as diferentes forças partidárias”, alerta António Costa.
“O Presidente da República, se quer ser um promotor de diálogo, não deve considerar que é suficiente falar com o líder do seu partido. Não é essa a função do Presidente da República”, conclui o secretário-geral do PS.
O Presidente da República convidou, esta terça-feira, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a "avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa" que assegure um executivo "estável e duradouro".
Portugal precisa de um Governo "estável e duradouro" e “este é o tempo do compromisso”, apelou Cavaco Silva, num recado aos partidos da coligação PSD/CDS e ao PS.
A coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) venceu as eleições legislativas de domingo com 38,55% (104 deputados), mas perdeu a maioria absoluta.
O PS conseguiu 32,38% (85 deputados), o BE subiu a terceira força política com 10,22% (19 deputados) e a CDU (PCP/PEV) alcançou 8,27% (17 deputados). O PAN vai estrear-se no Parlamento, com um deputado (1,39% dos votos). Estão por atribuir ainda quatro mandatos, referentes aos círculos da emigração.
PS dá liberdade de voto nas presidenciais
A Comissão Política Nacional do PS decidiu hoje conceder liberdade de voto aos socialistas na primeira volta das eleições presidenciais entre os candidatos do seu espaço político e faz referência a Sampaio da Nóvoa e a Maria de Belém.
Este é um dos pontos do comunicado final aprovado após quatro horas de reunião da Comissão Política Nacional do PS.
O comunicado final foi aprovado por ampla maioria, 63 votos favoráveis, quatro contra e três abstenções.
António Costa defende que a liberdade de voto dos socialistas na primeira volta das presidenciais de Janeiro de 2016 como um processo que travará "fracturas" no partido sobre o tema.
Para o líder do PS, é uma solução que os socialistas se distraiam "de um momento muito exigente, todo este processo de formação do Governo, instalação de nova legislatura, criação de condições de governabilidade".