07 out, 2015 - 11:22
Os presidentes do PSD e do CDS-PP, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, assinaram esta quarta-feira um acordo de Governo e de colaboração política entre os dois partidos na sequência dos resultados eleitorais de domingo.
Sem maioria absoluta, todos os partidos estão obrigados a alinhar numa plataforma de governabilidade, afirmaram Passos e Portas.
Ambos os líderes estabeleceram pontos de convergência para uma “cultura de diálogo” e abriram claramente as portas ao PS de António Costa para um acordo que permita ao “Governo”, nas palavras de Passos Coelho, cumprir o mandato. A ideia é reforçada por Paulo Portas, que antes já tinha dito: “O nosso projecto é governar quatro anos”.
Depois de anunciar que já teria falado esta quarta-feira com António Costa para marcar uma reunião negocial até ao final desta semana, Passos Coelho sublinhou que seria “imperdoável” não ter o Orçamento do Estado aprovado e ainda “imperdoável” ultrapassar a meta de 3% para o défice.
Costa já tinha deixado a porta semi-aberta para acordos de incidência parlamentar, e agora começa o jogo negocial.
“Tenho a certeza que o faremos de boa-fé. O nosso projecto é governar quatro anos. Esse é o tempo da legislatura", afirmou o presidente do CDS-PP.
Primeiro assina-se, depois explica-se
O “resgate” foi muito duro para muitas pessoas, admitiu Paulo Portas, declarando que “se há feridas para sarar”, a próxima legislatura pode e deve “acelerar o crescimento” e a “moderação fiscal”.
O documento foi assinado por Passos e Portas antes de o líder centrista tomar a palavra para deixar “algumas mensagens”: “Aprovámos por consenso em reuniões muitíssimo participadas o acordo entre PSD e CDS.”
Portas diz que este acordo foi o “primeiro passo para que Portugal tenha um Governo” de que “precisa para completar o ciclo de crescimento económico”.
“PSD e CDS dão cumprimento ao primeiro compromisso eleitoral, fruto de terem vencido as eleições. Contam-se os votos e agora é tempo para trabalhar para a governabilidade”, defendeu Portas.
“A nossa leitura dos resultados é clara e franca: os portugueses não quiseram maioria absoluta. É neste quadro que temos de agir", disse o presidente do CDS-PP. "Esperar mais talvez fosse esperar demais."
“Em segundo lugar, o acordo assume uma cultura de compromisso, uma prática de negociação e uma atitude de abertura. Não é, para nenhum dos nossos partidos, difícil”, acrescentou Portas, lembrando o acordo da concertação social, o “desbloqueio” do salário mínimo e a obtenção “de um importante acordo para descer o IRC para mais investimento e emprego.”
“A cultura de compromisso não é estranha a nenhum partido democrático e esperamos isso de todos”, sublinhou, num renovado convite a um acordo de incidência parlamentar.