14 out, 2015 - 01:28 • Raquel Abecasis
Marçal Grilo confessa estar estupefacto com o que se está a passar neste período pós-eleitoral e considera mesmo que neste momento “o país está entalado”.
Em entrevista ao programa Terça à Noite, da Renascença, o ex-ministro de António Guterres pergunta: “Como é que nós vamos sair disto? Qual é a solução que nos poderá trazer maior estabilidade? Eu não sei qual é”.
"Vamos supor que se faz um governo chamado à esquerda, o PS lidera um governo que tem o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP. O PS fica numa situação complicada porque vai ser atacado por ter abandonado muito a sua matriz europeia e social-democrata”, avisa.
O ex-ministro da Educação considera que o Presidente da República tem muita responsabilidade na situação actual, ao ter convocado Passos Coelho para Belém sem ter recebido os restantes partidos. Com isto, diz Marçal Grilo, “o Presidente criou um vazio que António Costa ocupou, porque nós hoje perguntamos o seguinte: Quem é que está a formar Governo? É Passos Coelho ou é António Costa?”
Perante o cenário que está criado, Marçal Grilo alerta para as consequências de um eventual governo à esquerda: “Isso será para o país um enorme desastre”, afirma.
"O risco que temos é que os mercados tenham uma reacção muitíssimo negativa em relação a Portugal e nós podermos vir a ter uma situação complexa e muito difícil nas contas públicas, nas taxas de juro, porque o país está numa situação de grande fragilidade.”
País pode ficar sem governo durante muitos meses
O facto de António Costa se ter comprometido a fazer um referendo interno sobre uma eventual solução governativa pode deixar o país sem governo durante muitos meses, considera Eduardo Marçal Grilo.
“Se António Costa perder o referendo interno tem que se demitir” e, se isso acontecer, o país fica sem Governo à espera que o PS encontre um líder, considera.
A situação pode vir a ser de tal modo grave que Marçal Grilo ironiza dizendo que “o melhor é ir procurar um treinador estrangeiro, trazer o Mario Monti, por exemplo, que em Itália fez tão bem, trazer um estrangeiro para presidir ao governo”.
A ironia do ex-governante serve para alertar para o facto de que o país não tem qualquer hipótese de ter eleições no próximo ano, o que, considera Grilo, torna o actual impasse ainda mais grave.