13 out, 2015 - 20:20 • Filipe d'Avillez
O primeiro-ministro diz que a reunião com António Costa, que se realizou esta terça-feira, foi totalmente "inconclusiva".
Pedro Passos Coelho, acompanhado de Paulo Portas, afirmou aos jornalistas que durante as duas horas e meia de reunião esperava ouvir uma contraproposta do PS, uma vez que a coligação já tinha feito chegar ao líder socialista uma proposta, mas que tal não aconteceu.
Segundo os representantes da coligação, não se avançou "rigorosamente nada" na proposta feita ao PS. Os socialistas, acusou, limitaram-se a fazer críticas ao que já tinha sido apresentado. Esta versão foi posteriormente confirmada por António Costa, que na sua conversa com os jornalistas admitiu que fez muitas críticas que o PS tenciona agora passar a escrito para fazer chegar à coligação, não o tendo feito ainda.
Passos Coelho acrescentou que o país precisa de perceber "se há ou não há vontade política" por parte do PS "de chegar a um entendimento" com PSD e CDS-PP que permita uma solução de Governo estável. "É preciso saber o que é que o PS quer", reforçou.
Paulo Portas também falou, dizendo que a abordagem da coligação tem sido séria e construtiva, mas que o PS não tem colaborado.
O líder do CDS diz que a coligação procurou aproximar o seu ponto de partida a propostas que constam do programa do PS, algumas das quais semelhantes no conteúdo às suas, mas diferentes na execução no tempo. "Esta proposta permitiria que Portugal e os portugueses tivessem a certeza de estabilidade política, que a credibilidade do Governo não fosse afectada", disse Paulo Portas, acrescentando ainda que assim os compromissos europeus não seriam postos em causa, bem como a recuperação económica já conseguida.
Para Portas e Passos, a bola fica agora do lado do PS que terá de apresentar uma contraproposta, sendo que o primeiro-ministro não descarta a possibilidade ainda vir a apresentar uma contraproposta concreta.
Interrogado se PSD e CDS-PP admitem formar Governo mesmo que não cheguem a acordo com o PS, Passos Coelho declarou: "Aquilo que posso afirmar como presidente do PSD é que a expectativa legítima que o PSD e o CDS têm é a de que sejam chamados a formar Governo, porque foram, conjuntamente, os que ganharam as eleições".
Na véspera da reunião, na segunda-feira, PSD e CDS-PP fizeram chegar ao PS um texto que intitularam de “Documento facilitador de um compromisso entre a coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista para a governabilidade".
Já na manhã de terça-feira a agência Reuters publicou uma entrevista a António Costa. O líder socialista afirmou que o PS está em melhor posição para formar governo do que a coligação, uma vez que tinha obtido garantias por parte do Bloco de Esquerda e do PCP de que desistem de pôr em causa os compromissos europeus. Noutra entrevista, à France Presse, Costa procurou sossegar os mercados e a Europa, dizendo que o PS “não é o Syriza”.
A primeira reunião de António Costa com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas realizou-se na passada sexta-feira, na sede dos sociais-democratas, durou perto de três horas e terminou também sem conclusões políticas.