Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Horta Osório: "Portugueses votaram em solução de governo baseada em PSD/CDS e PS"

16 out, 2015 - 02:37 • José Pedro Frazão

O presidente executivo do banco britânico Lloyds faz um forte apelo para que seja garantida a estabilidade política em Portugal. No Conselho de Directores, o gestor português confessou estar apreensivo e preocupado com soluções de governo que passem pela extrema-esquerda.

A+ / A-
Horta Osório faz forte apelo para que seja garantida estabilidade política em Portugal
Horta Osório faz forte apelo para que seja garantida estabilidade política em Portugal

António Horta Osório lança um apelo ao sentido de Estado dos intervenientes no processo de formação do novo Governo. Em entrevista à Renascença, o presidente do banco Lloyds, de Inglaterra, diz-se apreensivo com a possibilidade de uma solução governava baseada na extrema-esquerda.

"Vejo com muita apreensão esta situação, como português e com a preocupação crescente que vejo na Europa sobre este assunto", confessa o banqueiro português mais influente no estrangeiro, ouvido no programa Conselho de Directores. "A minha apreensão resulta do facto de duas semanas após as eleições estarmos numa enorme indecisão e incerteza sobre qual vai ser a direcção das políticas económicas para o futuro. À medida que esta situação continue sem se resolver, essa confiança pode começar a ser minada. E podemos ter soluções muito complicadas em termos de confiança interna e externa."

Nesta conversa na Renascença, com a participação de Pedro Santos Guerreiro, Raquel Abecasis e Henrique Monteiro, o gestor português fez uma defesa cerrada da necessidade de estabilidade política na nova legislatura.

"É essencial para Portugal. E foi nisso que os portugueses votaram. A estabilidade política é crítica para haver confiança dos investidores internos, empresários e investidores externos, sendo nós ainda muito dependentes de financiamento e investimento externa. Além disso, parece-me que o país está a melhorar, a ir na direcção correcta. Seria gravíssimo desbaratar aquilo que foi arduamente conquistado pelos portugueses", afirma Horta Osório .

Não à extrema-esquerda

Sublinhando não ser um comentador politico, Horta Osório considera que os portugueses quiseram a continuidade do rumo económico. Nessa medida, pensa o banqueiro, não faz sentido outra solução governativa que não passe por PSD, CDS e PS.

"O país votou claramente pela continuação das políticas que estavam a ser seguidas, ao nível da sua direcção. Normalmente, quem ganha governa. Mas o país também votou para que os três partidos, PSD, CDS e PS tivessem cerca de 70% dos votos expressos. Uma esmagadora maioria que associo à estabilidade de que falava - e têm cerca de 85 % dos deputados. Parece-me que o sentido dos votos dos portugueses é de que seja claramente dentro destas três forças políticas que se encontre uma solução de governo estável para a frente", sublinha o presidente executivo do grupo Lloyds no Reino Unido.

Confrontado com a natureza minoritária da coligação PSD/CDS no novo Parlamento, Horta Osório fala na necessidade de um consenso com o PS.

"Obviamente que quando não se ganha com maioria absoluta tem que se gerar um consenso. 70% dos portugueses votaram nesse consenso, foi o resultado democrático das eleições", sustenta Horta Osório que avisa para os perigos de uma solução com recurso à esquerda do PS.

"Acho realmente muito preocupante que se possam colocar me campo outro tipo de soluções que, pelos programas dos partidos de extrema-esquerda, são contra o euro, contra a Europa, contra vivermos dentro das nossas posses, são para não pagarmos as dividas. Tudo isso foram sacrifícios que os portugueses fizeram com enorme estoicismo. Depois de serem feitos, estarmos agora a viver todos, como país, dentro das posses, o país vai melhorar, está a melhorar", assegura o banqueiro.

"Ainda não há contágio"

A palavra-chave da estabilidade é "confiança". Confiança que um governo estável possa fornecer aos investidores internos e externos, insiste Horta Osório.

"Espero sinceramente que quem tenha maior responsabilidade no processo ponha o país à frente de quaisquer interesses pessoais ou políticos", afirma. Horta Osório reconhece ainda assim que não há - para já - ainda grandes ondas de choque nos mercados financeiros em resultado deste impasse em Portugal.

"Houve apenas pequenos sobressaltos ao nível da divida pública. Portugal não está no centro das atenções. Vários contactos internacionais e pessoas do Governo inglês perguntaram-me mas estamos no começo. É mais importante prevenir que remediar", repete.

Pagar mais electricidade em Lisboa do que em Londres

O banqueiro considera que foram feitas reformas recentes "muito importantes" na administração pública, em termos fiscais e na saúde.

Convidado a elencar um conjunto de reformas estruturais a desenvolver nos próximos tempos, Horta Osório destaca a necessidade de um maior ambiente concorrencial. "Portugal é um país ainda pouco exposto à concorrência. A concorrência estimula a qualidade, baixa os preços para o consumidor. Temos que melhorar a capacidade dos reguladores", indica o gestor português que trabalha na City londrina.

Outra medida urgente é a baixa da factura energética. "Temos que assegurar que a baixa do preço do petróleo e das energias associadas se reflecte realmente no bolso dos consumidores. Vivendo entre Londres e Lisboa, as minhas contas de energia ou telefone são, em termos equivalentes, muito maiores em Portugal do que em Londres, onde há enorme concorrência. E temos que fazer reformas estruturais em termos da melhoria da formação e treino dos nossos jovens."

​António Horta Osório. "O maior problema de Portugal é o falhanço das elites"
Veja também: ​António Horta Osório. "O maior problema de Portugal é o falhanço das elites"
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Fernando
    21 out, 2015 Lisboa 16:46
    Dás tu a própria resposta. A ti também te custa a eletricidade? Então quem dirão os "miseráveis" da esquerda que estão fartos deste governo. Esta gente julga que nós gostamos e adoramos ver os "carritos" na A5, matrícula 2015, topos de gama, ... e principalmente desejamos ver a escravatura que sorrindo nos vão impondo a benefício do "País", que quer dizer a perpetuação de alguém que se julga Deus e os outros servos.
  • Maria Celeste Marujo
    17 out, 2015 Oeiras 11:53
    Horta Osório apela ao entendimento dos partidos, a quem pedimos com o nosso voto que governassem. E fizemo-lo de forma racional e simples, dando à coligação e ao PS a maioria dos votos. Porque o povo não é estúpido como nos querem fazer querer..Parece-me que, salvo em países excecionais com politicos excecionais continuarão a existir maiorias absolutas. Na maior parte deles terão de ser [capacidades excecionais] de gerir entendimentos, sendo que isso só será possivel se o interesse maior do país for o essencial deixando para o acessório interesses pessoais e partidários.
  • Joana
    17 out, 2015 Vila Real 09:55
    Agradeço a quem me responder a este inquérito, para a minha dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação. É sobre Marketing Político nas Eleições Legislativas de 2015 e demora menos de 5 minutos a responder. Obrigada! http://goo.gl/forms/fHg3l59g6g
  • Alberto.Sousa
    16 out, 2015 MONTIJO 17:56
    E as mentiras do PAF continuam. Nunca falarão a verdade. Ganharam as eleições sem maioria absoluta, sofrendo a derrota VERGONHOSA do terem aldrabado os portugueses a torto e a direito. Os portugueses disseram na sua maioria, NÃO, Á MAIORIA DO PAF QUE FEZ PUF. Querem agora continuar no poleiro, e já oferecem tudo e mais alguma coisa, (o rabinho + 8 tostões). O Costa por sua vez não aceita e não assina cheques em branco, porque tal como nós já os conhece de gingeira, e sabe bem, que não se pode confiar neles (PAF). EM BOA HORA JERÓNIMO DE SOUSA resolveu meter a cartilha comunista na gaveta, passamos assim , de homem da cassete, que passou a moderado, e verdadeiro salvador de Portugal. Os portugueses só lhe podem estar agradecidos. Sem palavras para descrever como BE cresceu. Finalmente HURRA para a esquerda portuguesa.
  • 16 out, 2015 17:00
    Caro Horta, dizei apenas quanto aufere mensalmente de ordenado, para que seja mais percetivel para mim entende-lo
  • Maria do Carmo Cunha
    16 out, 2015 Lisboa Portugal 16:57
    Este Senhor Tem toda a razão! Grande Homem com H muito grande!!
  • AI AI AI
    16 out, 2015 Lx 16:44
    Não questiono que o senhor seja muito bom no que faz, mas lá no UK...aqui, as suas palavras não passam de disparates, na minha opinião. Aliás, que ele perca um bocadinho de tempo a ler algumas notícias hoje publicadas na RR (sobre actual pobreza em Portugal), e facilmente verificará que parte do que diz não faz sentido. Lá por uma pessoa ser muito boa na sua área, e isso ser reconhecido pelo mundo em geral, não se pode armar em tudólogo...porque nesta área, das politiquices, é capaz de ser tão especialista quanto qualquer um de nós que aqui comenta...Eu votei PS, e que direito tem este senhor de vir dizer que eu votei com vista a uma coligação com a PAF?? Mas perguntou-me alguma coisa, alguma vez?
  • baiazul
    16 out, 2015 lisboa 16:31
    A maioria dos portugueses sempre votaram ou PSD ou PS. Então qual a dúvida do Sr. Costa? O que ele anda a fazer é um atentado.
  • M.Azevedo
    16 out, 2015 madeira 16:10
    QUE BELA ESTABILIDADE A DO PS BE NÃO SE COMPROMETE COM O PS NAS QUESTÃO DA LEGISLATURA OU SEJA VAI BATER NA MESMA TECLA DO CDS/PSD. CIRCO DE PORTUGAL EM ACÇÃO!
  • Maria
    16 out, 2015 Lisboa 16:02
    Eu fico incrédula com o que por estes dias se papagueia e escreve... eu votei PS, mas sem qualquer pretensão de que este se unisse numa governação PS/PSD/PP. O voto de cada eleitor num partido traduz-se num total de deputados eleitos, não em «vontades» ou «pretensões de coligações» pós eleitorais! O que sei é que cada voto merece o mesmo respeito, seja um voto de esquerda ou de direita.

Destaques V+