18 out, 2015 - 13:39 • Eunice Lourenço
Pedro Passos Coelho já respondeu a António Costa com uma carta em que critica a atitude do PS e do seu líder, acusando-o de não querer negociar. Ainda assim, o líder do PSD mantém a porta aberta para novas conversas e desafia os socialistas a apresentarem uma “contra-proposta objectiva”, que até pode incluir a participação do PS num governo com a coligação PSD-CDS.
Na carta, a que a Renascença teve acesso, Passos Coelho começa por lamentar aquela que lhe foi enviada por António Costa, escrevendo que “frustra as expectativas de todos aqueles que contavam com a prossecução das conversas entre o PS, o PSD e o CDS com vista a um entendimento que pudesse garantir a estabilidade e a governabilidade”.
O PSD, escreve o seu líder, esperava uma contra-proposta ao “documento facilitador” que entregou ao PS na segunda-feira, mas o que recebeu foi a enunciação de propostas do programa socialista, “sem sequer as hierarquizar".
Passos Coelho aproveita também para garantir que foi dada ao PS toda a informação solicitada e lamenta que os socialistas não estejam a usar essa informação para aprofundar as negociações, mas para fazer “sugestões e insinuações irresponsáveis e sem qualquer fundamento real sobre a situação do país, de empresas estratégicas ou do conjunto do sector financeiro”.
E acrescenta: “A disposição para negociar e consensualizar nunca pode estar em acusações mais ou menos falsas ou em protestos incompreensíveis, mas, sim, nos actos a na sua razoabilidade.”
Para o líder social-democrata, os últimos dias têm confirmado que o PS “prefere agir com a extrema esquerda a negociar com os partidos europeístas”. Mas reitera que a coligação mantém a inteira disponibilidade para negociar um compromisso, desafiando o PS a mostrar o seu empenho com uma “contra-proposta objectiva, que inclua base programática e medidas concretas, bem como uma proposta de metodologia alternativa à que a coligação apresentou”.
Passos Coelho desafia ainda o PS a dizer claramente se quer discutir estas matérias enquanto “futuro membro de uma coligação de governo mais alargada, que inclua, além do PSD e do CDS, o próprio PS”. Nesta carta, escreve que essa possibilidade nunca esteve excluída, apesar de o “documento facilitador” prever sobretudo a viabilização do programa de governo e a negociação do Orçamento do Estado para 2016.
O líder do PSD termina a carta a lamentar que “sob o falso pretexto de negociações que não deseja, a acção do PS ameace arrastar o país e os portugueses para a instabilidade e a ingovernabilidade num retrocesso que pode pôr em causa o árduo trabalho dos últimos quatro anos”.