19 out, 2015 - 00:27 • Eunice Lourenço , Susana Madureira Martins
Impasse à esquerda e à direita – é com este cenário que o Presidente da República vai começar a ouvir os partidos. Esta segunda-feira, reúne-se com Pedro Passos Coelho, que lhe deve dar conta das conversas que teve tendo em conta o mandato que lhe foi dado pelo próprio Cavaco Silva há já quase duas semanas. Terça-feira, o Presidente recebe as delegações de PSD, PS, BE e CDS e quarta-feira tem hora marcada com PCP, Verdes e PAN.
António Costa irá, assim, à audiência com o Presidente da República, na terça-feira, sem ter um acordo fechado e ratificado pelo seu partido. O PS vai continuar as conversas com o Bloco e o PCP, mas ainda não está marcada reunião da comissão política para avaliar o que o líder tiver a apresentar.
O mandato dado a António Costa pela comissão política de dia 6 foi para conversar com todas as forças partidárias. Chegou a estar marcada nova reunião da comissão política socialista para dia 13, mas foi adiada e, no inicio da semana passada, António Costa chegou a dizer que esperava ter uma solução para apresentar ao seu partido e ao país até ao fim da semana passada. Mas a semana terminou sem que fosse marcada nova reunião e com declarações públicas a mostrarem como ainda está longe um acordo à esquerda.
António Costa assumiu isso mesmo, em entrevista à TVI, onde disse que as conversas correm bem, mas “é prematuro” dizer que vão acabar bem. Além disso, o líder do PS diz que só será alternativa se tiver um acordo estável, enquanto o Bloco fala negociações só para viabilizar o programa de Governo e o Orçamento para 2016.
À direita, também há um impasse depois da troca de cartas entre António Costa e Pedro Passos Coelho. Na sexta-feira, o líder do PS enviou uma carta com críticas à coligação e a enunciação de várias medidas do programa socialista que considera necessárias para haver um entendimento. Domingo, o presidente do PSD respondeu com outra carta em que também critica a forma como o PS tem agido, mas desafia António Costa a apresentar uma contra-proposta alternativa ao “documento facilitador” entregue pela Coligação no dia 12. Passos Coelho pede também ao PS que diga claramente se quer fazer parte de um governo com o PSD e o CDS.
Perante este cenário, Cavaco Silva – que no fim-de-semana também voltou a dizer que estudou todas as possibilidades – tem basicamente duas alternativas: ou nomeia Passos Coelho primeiro-ministro ou insiste com a Coligação e o PS para que voltem à mesa das negociações. No PS, há ainda a expectativa de um terceiro cenário: que o Presidente dê a António Costa um mandato negocial como deu a Passos no dia 7.