20 out, 2015 - 15:35
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O PSD e o CDS não chegaram a acordo com o PS, por falta de disponibilidade dos socialistas, mas Passos Coelho não fecha a porta a entendimentos na Assembleia da República. Foi o que disse aos jornalistas o líder social-democrata, após uma audiência de pouco mais de meia hora com o Presidente da República.
Passos diz que não houve garantias do PS de que permitiria a “viabilização” de um Governo PSD/CDS, mas, apesar disso, mostra-se convicto de que o Partido Socialista "não deixará em sede parlamentar de assumir as suas responsabilidades como partido derrotado" nas eleições legislativas e como força política de “grande implantação eleitoral em Portugal”.
“Estamos persuadidos de que existem condições em sede parlamentar para que os resultados das eleições de Outubro possam ser respeitados. E que o Governo que delas emerge com naturalidade possa obter no terreno parlamentar as condições que são necessárias para que país conheça um período de estabilidade e de confiança”, afirmou.
Passos voltou a criticar o que diz ser a inflexibilidade socialista no cenário pós-eleitoral. “Eu e o doutor Paulo Portas apresentamos uma proposta de compromisso”, disse. O que não houve, atacou Passos, foi uma “contraproposta” socialista que permitisse "encetar uma negociação que fosse produtiva”.
Sem querer antecipar a decisão que Cavaco Silva vai tomar, Passos diz que há duas realidades impossíveis de disfarçar: “O PSD e o CDS ganharam as eleições, isso é inequívoco, como é inequívoco que o Partido Socialista perdeu.”
Não está escrito na lei fundamental, mas, diz Passos Coelho, manda a “prática constitucional” que o vencedor das eleições forme Governo.
Lembrando que já no passado existiram governos que não tinham maioria e que alguns até governaram durante toda a legislatura, o primeiro-ministro considerou que é dever de todos – “os que ganharam e os que perderam” – “garantir que haja condições de governabilidade”.
Investidores "adiarão as suas decisões"
“Quisemos transmitir ao Presidente da República a nossa confiança que o governo que sai destas eleições possa ser presente ao Parlamento para que todos, no Parlamento, possam assumir as suas responsabilidades”, disse.
"Se o país não tiver condições de estabilidade e previsibilidade governativa" haverá consequências no investimento e no crescimento económico, avisou. Os investidores “adiarão as suas decisões” à espera de uma “clarificação política”.
Passos Coelho foi mais longe: a “credibilidade” que o país obteve durante o período de intervenção da troika pode ser afectada se houver sinais de que pode estar em causa a saúde das contas públicas.