21 out, 2015 - 01:19 • Eunice Lourenço
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“Tenho sempre esperança de que o PS caia em si”, diz Paulo Portas em entrevista à Renascença, mesmo depois de António Costa e Catarina Martins anunciarem que têm um acordo para garantir um governo de esquerda.
Em entrevista ao programa Terça à Noite (que pode ouvir aqui), o líder do CDS avisa que os problemas que a esquerda escolheu não discutir nestas negociações não despareceram
“Não é pelo facto de se dizer ‘não vamos discutir matérias que nos dividem, pomos de lado qualquer discussão sobre o euro, sobre a dívida pública portuguesa, sobre o tratado orçamental, sobre a União Europeia’, que esses problemas desaparecem. Eles aparecem amanhã de manhã. Mesmo que eles digam que não podem falar desses assuntos, porque nos dividem, esses assuntos são as condições prévias para podermos viver em comum com outros países do euro, no projecto europeu”, afirmou Paulo Portas, lembrando que “ninguém conhece a natureza desse compromisso” a que a esquerda chegou.
“Qualquer pessoa que leia o programa do PCP e do BE sabe que há um conjunto de matérias absolutamente incompatível com o PS. O BE acha que a saída do euro está ao virar da esquina, defende a renegociação unilateral da dívida. O PCP é mesmo favorável a que Portugal prepare a saída do euro. Já nem me refiro às questões como a NATO, ou outras”, continuou o líder do CDS, para quem, numa discussão orçamental “a capacidade de Portugal cumprir os seus compromissos é excedida pelo utópico ou pelo irrazoável”.
Riscos orçamentais e efeitos presidenciais
O vice-primeiro-ministro acusa o PS de nunca ter manifestado verdadeira vontade de negociar e acusa mesmo o líder socialista de “má fé” e de fazer tudo para governar. E alerta para os riscos de Portugal não ter um orçamento do Estado para 2016 aprovado até ao fim do ano.
Primeiro, os riscos internacionais. “O sinal dado para fora não é bom”, avisa Portas.
Depois os riscos de falsas expectativas internas. Isto porque, caso não haja Orçamento, a sobretaxa acaba a 31 de Dezembro e os salários da função pública serão integralmente repostos a 1 de Janeiro de 2016. Mas isso, segundo o líder do CDS, será ilusório porque o Governo que fizer um orçamento depois não poderá manter essas medidas.
Nesta entrevista à Renascença, Paulo Portas também foi questionado sobre os efeitos da actual situação política nas eleições presidenciais, mas disse estar focado nas questões de governabilidade. Recusou dizer, para já, se apoia a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, mas acredita que não vão aparecer mais candidatos na sua área política e salientou as qualidades de constitucionalista do ex-líder do PSD e actual candidato presidencial