21 out, 2015 - 11:51
O secretário-geral do PCP considera que a indigitação de Passos Coelho pelo Presidente da República será “uma perda de tempo”, pois existe uma maioria de deputados que permite uma outra solução, “tanto mais duradoura conforme defender os interesses nacionais”.
“Há uma maioria de deputados que constitui condição bastante para a formação de um Governo de iniciativa do PS, que permite a apresentação do programa [de Governo], a sua entrada em funções e a adopção de uma política com uma solução duradoura, tanto mais duradoura conforme defender os interesses nacionais e corresponda aos anseios dos trabalhadores e do povo português”, defendeu esta quarta-feira Jerónimo de Sousa numa declaração aos jornalistas, à saída de uma audiência com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Sem responder a perguntas por não querer “dizer nem mais, nem menos” do que foi transmitido ao chefe de Estado, o líder comunista sublinhou que, com a “derrota” da maioria PSD/CDS-PP, “há uma nova realidade na Assembleia da República” e que sociais-democratas e democratas-cristãos “não reúnem condições para que Passos Coelho possa ser indigitado como primeiro-ministro”.
“Afirmámos claramente [ao Presidente da República] que isso, a acontecer, [indigitar Passos Coelho] será uma manifesta perda de tempo”, referiu ainda, reiterando que caso seja nomeado um Governo de maioria PSD/CDS-PP, o PCP apresentará uma moção de rejeição ao seu programa.
O PCP foi o quarto partido a ser ouvido pelo Presidente da República, depois das audições de PSD, PS, BE e CDS-PP, na quarta-feira à tarde.
Esta quarta-feira manhã, o chefe de Estado ainda vai receber o partido ecologista Os Verdes e o PAN – Pessoas-Animais-Natureza.
A Constituição da República prevê que o primeiro-ministro seja “nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”.
Nas eleições de 4 de Outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.