23 out, 2015 - 01:41
O dirigente socialista Álvaro Beleza considera que o "caminho a seguir" no partido depois das legislativas devia ser diferente do que António Costa prosseguiu, mas garantiu não ser por si que o PS "não vai ter unidade".
"Chegando aqui, não vai ser por minha causa que o PS não vai ter unidade", vincou Beleza, em declarações esta noite aos jornalistas na sede do partido, no Largo do Rato, em Lisboa.
O socialista - que integrou a direcção do PS de António José Seguro e foi um dos responsáveis pela transição entre essa liderança e a de António Costa - falava à saída da reunião da comissão política do partido, que arrancou pouco depois das 21h30 de quinta-feira e pela 01h00 ainda seguia, com Álvaro Beleza a sair cerca das 00h40.
"Temos de pensar no partido, para além de nós próprios, e no país, para além do partido", reiterou Álvaro Beleza, acrescentando que "humildade, modéstia e abertura de espírito" não fazem mal.
Sobre o caminho de diálogo do PS à esquerda, declarou: "Mantenho o que disse desde o dia 4 de Outubro. Acho que o caminho a seguir não devia ter sido este".
Todavia, reconheceu, há margem para "facilmente" haver entendimentos à esquerda - com PCP e BE - em áreas como a saúde, educação e segurança social, mas matérias como economia, finanças, Europa, sustentabilidade do país, crescimento económico com economia privada são de "muito difícil" concertação entre o PS e as forças políticas à esquerda.
António Costa, secretário-geral do PS, explicou "detalhadamente" na reunião da comissão política os contactos e reuniões à esquerda, disse Beleza.
Álvaro Beleza defendeu junto dos socialistas a realização de um referendo aberto a simpatizantes para auscultar a opinião dos votantes no PS sobre o acordo negociado com forças políticas à esquerda.
A comissão política do PS prepara-se para dar mandato ao Grupo Parlamentar socialista para apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da coligação PSD/CDS, disse à agência Renascença fonte da direcção do partido.
Após a comunicação ao país do Presidente da República, Cavaco Silva, na qual anunciou a indigitação como primeiro-ministro do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, o dirigente socialista João Soares já tinha sinalizado a possibilidade de o PS avançar com uma moção de rejeição, acompanhando nesta iniciativa legislativa o BE e o PCP.