24 out, 2015 - 23:37
O secretário-geral do PCP disse que o acordo com o PS está "bem encaminhado", mas escusou-se a revelar qualquer conteúdo das negociações, acrescentando "não fazer futurologia" sobre um entendimento a quatro anos.
Em entrevista à TVI, Jerónimo de Sousa reiterou que estão reunidas todas as condições para que o PS forme um Governo à esquerda, para dessa forma "afastar PSD/CDS do poder", o que, no seu entender "já não será coisa pequena".
Questionado, por diversas vezes, sobre as matérias em discussão e que tipo de acordo é que está a ser trabalhado nas reuniões bilaterais em curso entre PCP e PS, o líder comunista escusou-se sempre a responder, justificando que se o fizesse "estaria a ser desleal" com o Partido Socialista.
"Existe a possibilidade real de o PS formar Governo e o PCP está fortemente empenhado nessa solução. Mas não vou avançar com conteúdos porque estaria a ser desleal", frisou Jerónimo de Sousa, dizendo que o PCP está neste processo negocial com os socialistas "de boa-fé, com honestidade e seriedade".
Alguns órgãos de comunicação social noticiaram hoje que o acordo em discussão pelos três partidos de esquerda apenas garante um dos quatro anos da legislatura.
Confrontado com esta possibilidade e se o acordo em discussão dá garantias para toda a legislatura, Jerónimo de Sousa afirmou que, da parte do PCP, "há essa disponibilidade", mas sublinhou que não faz "futurologia", garantindo que o partido é imune a pressões e que decidirá sempre autonomamente.
O líder comunista disse ainda que nestas negociações com o PS não está a ser abordada a hipótese de membros do PCP ocuparem lugares no Governo.
"Para nós estar no Governo não é determinante neste processo. Não andamos à procura de lugares de poder nem de favores de ninguém. Não abdicamos da nossa identidade, do nosso projecto em troca de qualquer parcela de poder", vincou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista salientou que o principal objectivo é derrotar o Governo e a política de direita, e encontrar uma solução política para o povo português.
O secretário-geral do PCP revelou que não houve contactos com o PS antes das eleições, e que a primeira abordagem partiu dos socialistas a 7 de Outubro.
Jerónimo de Sousa espera que o Presidente da República chame António Costa para formar Governo, após a queda do executivo liderado por Pedro Passos Coelho, na sequência da moção de rejeição já anunciada pelos três partidos de esquerda, assim que a coligação PSD/CDS-PP apresentar o seu programa de Governo.
Caso isso não venha a acontecer, o dirigente comunista diz que Cavaco Silva será o responsável pela instabilidade que um Governo de gestão terá "durante meses a fio", quando tem uma alternativa estável.