30 out, 2015 - 13:01 • Pedro Rios
Veja também:
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, lançou, no discurso da tomada de posse do novo Governo, avisos aos que, “em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias”, arriscam o “bem-estar dos portugueses”.
Reconduzido como primeiro-ministro esta sexta-feira, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, Passos afirmou que o Governo vai persistir no cumprimento das “obrigações internacionais e no exercício dos direitos e deveres que decorrem da nossa participação plena na União Europeia e na União Económica e Monetária”.
“Esta é uma condição absolutamente indispensável para assegurar o nosso futuro comum com estabilidade e previsibilidade, com mais emprego e mais justiça social. Não há ilusão política que possa disfarçar este imperativo”, disse.
"Ninguém deve arriscar o bem-estar dos portugueses em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias”, afirmou.
Passos não citou o nome de António Costa, mas o líder do PS tem sido acusado pelo PSD e pelo CDS de propor um governo alternativo, viabilizado à esquerda, por mera estratégia de sobrevivência política.
“Desrespeitar o esforço dos portugueses”
No seu discurso, Passos Coelho defendeu a actuação do primeiro executivo que chefiou, que “tinha pela frente a tarefa maior de salvar o país de um desastre económico e social de proporções inimagináveis”.
Passos estendeu o elogio aos portugueses, que “deram uma lição de sacrifício, moderação e esforço colectivo que tão cedo não será esquecida. Toda a Europa o sabe e nós sabemo-lo melhor do que ninguém."
"Desrespeitar o esforço dos portugueses traduz-se por pôr em risco tudo o que juntos alcançámos. E isso eu, enquanto primeiro-ministro, nunca farei", garantiu. E o caminho é “estreito” na “conjuntura interna que se gerou” e “no contexto externo tão incerto que nos envolve”.
“E seriam mais uma vez os portugueses, os mais desprotegidos e mais vulneráveis – seria uma vez mais a classe média – a pagar o preço, como foi pago no passado. E isso eu, enquanto primeiro-ministro, não permitirei que volte a acontecer.”
Para não “destruir as bases” lançadas pelo Governo, importa ter “contas públicas certas” e “garantir que o défice em 2015 ficará abaixo dos 3%”; “preservar os excedentes externos”; e “estabilizar” as reformas já feitas e “iniciar um novo ciclo de reformas”.
Mais “diálogo e compromisso”
O primeiro-ministro afirmou que o Governo praticou sempre "o diálogo e o compromisso", esforço que "será agora renovado e fortalecido" numa “conjuntura parlamentar em que a maioria que suporta o Governo é relativa, e não absoluta”.
Passos diz que, enquanto primeiro-ministro, pôs o país "no caminho do crescimento económico" e recuperou a “credibilidade e confiança externas”, ao mesmo tempo que conseguiu "resultados importantes na esfera social" (da redução do abandono precoce à actualização das pensões mínimas, sociais e rurais).
Elencou duas "grandes prioridades" para o novo Executivo PSD/CDS: "Em primeiro lugar, o combate às desigualdades" e, em segundo, "uma nova fase da modernização administrativa".
"Dado que os condicionalismos são apertados, temos de lidar com eles, e não ignorá-los numa vertigem voluntarista. Mas aprendemos custosamente nestes anos que só podemos alcançar o que desejamos começando por trilhar os caminhos necessários. Fizemos esse caminho e recuperámos a confiança e a ambição. São activos que não podemos desperdiçar. Num contexto em que a incerteza tem um custo tão elevado, em que a confiança rapidamente se destrói e em que a competitividade facilmente se evapora, os desvios precipitados poderiam deitar tudo a perder."