04 nov, 2015 - 07:32 • Paula Caeiro Varela
A estratégia da Coligação é dizer o mínimo - e fazer o mínimo - até à discussão do Programa de Governo, na próxima semana, e à apresentação das anunciadas moções de rejeição da esquerda que - tudo indica - hão-de ditar também o fim do executivo, ao fim de onze dias de vigência.
Até lá, ultima-se o documento do programa, que há-de ser levado na quinta-feira, a Conselho de Ministros, e que tem de ser entregue até sexta-feira, no parlamento. Um mês depois das eleições, parece não restarem dúvidas no PSD e CDS de que o desfecho será esse: a queda. O acordo da esquerda ainda não existe formalmente, mas fontes dos dois partidos da direita assumem-no como certo.
As negociações com o Partido Socialista rapidamente se esgotaram. Passos Coelho e Paulo Portas não tardaram a perceber que não haveria qualquer hipótese de entendimento e acusaram o PS de estar a fazer um simulacro de negociação, já que - acusam - António Costa pensou e procurou sempre liderar um governo apoiado pelo Bloco e pelo PCP.
Depois disso, Passos Coelho pouco tem falado, fora as circunstâncias institucionais em que teve de o fazer: primeiro, quando foi ouvido, em Belém, pelo Presidente da República, e, depois, na tomada de posse.
PSD e CDS também tem sido discretos nos últimos dias, quando se vai notando uma ou outra falta de sintonia nas declarações públicas de PS, PCP e Bloco de Esquerda. As declarações de terça-feria do presidente do PS e líder parlamentar, Carlos César, foram entendidas como uma forma de pressão sobre os comunistas para garantir que assinam um acordo mais substantivo do que apenas aceitar a investidura de um governo de António Costa.