10 nov, 2015 - 02:09
José Vera Jardim saiu de madrugada da Comissão Política do PS mais próximo da solução proposta por António Costa. O antigo ministro da Justiça admite que a solução negociada pelo líder socialista pode fornecer estabilidade.
“Acredito num Governo para quatro anos. Mas ninguém que se coligue, seja ele de que partido for, se houvesse uma coligação PSD/PSD, se houvesse uma coligação PS/PSD/CDS, etc… ninguém pode garantir que um Governo de coligação dure quatro anos. Do que eu conheço, acredito que há condições que permitem viabilizar um Governo que irá durar uma legislatura”, declara Vera Jardim no programa “Falar Claro” da Renascença.
Uma convicção que não recolhe o apoio de Nuno Morais Sarmento. O antigo ministro social-democrata diz que não há garantias de viabilização dos orçamentos do Partido Socialista.
“Nós não temos [Governo] para quatro anos coisíssima nenhuma. Uma coisa são os cheques em branco, outra coisa é a garantia de viabilização do orçamento do Partido Socialista. O PSD deu-a sem conhecer os orçamentos e não é porque estivesse a passar um cheque em branco, estava a dizer: ‘Nós garantiremos as condições para que os senhores que ganharam as eleições possam governar’. O PSD funciona assim”, sustenta Morais Sarmento.
Vera Jardim reconhece que a viabilização de orçamentos não está garantida, sublinhando que não lhe parece “ possível e viável que forças que se unem, quer em coligação quer com acordo parlamentar, garantam, de antemão, orçamentos daqui a um ano, a dois, a três e daqui a quatro”.
Acordo serve, mesmo sem papel
Apesar da existência de um acordo entre PS, Bloco de Esquerda, Partido Comunista e "Verdes", é um caminho que pode ter obstáculos não previstos, avisa o comentador socialista.
“Quando se inicia um Governo, seja ele de coligação ou de apoio parlamentar, há sempre um conjunto de questões que podem surgir. São os chamados imprevistos, que terão de ser resolvidos na altura própria. Eu espero que eles venham a ser resolvidos. Mas como acordo político de base, é um acordo político que serve”, defende Vera Jardim na Renascença.
O histórico socialista foi à Comissão Politica do PS ouvir as garantias do secretário-geral António Costa, “que não apresentou um papel, mas explicou que o acordo político garante um acordo, não para que António Costa seja primeiro-ministro, mas que garante um acordo que tem uma visão de legislatura”.
Pelo contrário, Morais Sarmento anota que os partidos de esquerda “nem sequer estão envolvidos na responsabilidade de um acordo conjunto. Eles não conseguiram esse cimento. Fazem um texto, fazem um intróito, mas depois tiveram de fazer três documentos separados com cada um dos partidos. Entre o preço que já pagámos e o anúncio que aí vem, eu digo que este é dos piores pesadelos que nós conhecemos”, conclui Nuno Morais Sarmento.