17 nov, 2015 - 18:45
O Presidente da República afirmou esta terça-feira que a actual crise política acontece em condições "muito mais favoráveis". Se a ministra das Finanças garantiu que Portugal tem “cofres cheios”, Cavaco diz que existe "uma almofada financeira de dimensão substancial".
"No fim desta visita, eu levo comigo a convicção, certeza diria mesmo a certeza, que os madeirenses saberão ultrapassar as limitações estruturais da sua economia (…) e diria mesmo que não há razões para estarem preocupados no que se refere ao seu desenvolvimento com a actual crise política que se vive no nosso país, porque felizmente esta crise política ocorre em situações que são muito mais favoráveis do que aquelas que se verificavam na última que tinha ocorrido, que foi em 2011", afirmou o chefe de Estado.
Na segunda-feira, Cavaco também desdramatizou o que é um país estar com governo de gestão. "Eu estive cinco meses em gestão! Eu como primeiro-ministro de um Governo estive cinco meses em gestão", disse.
Portugal assustou Europa. Em 2011
Falando no acesso mais fácil aos mercados que existe hoje, no crescimento da economia, na diminuição do desemprego e "na almofada financeira de dimensão substancial" que o tesouro português tem agora, Cavaco Silva recordou a situação "exígua e assustadora do tesouro em 2011.
"Eu nem quero vos dizer qual era o montante que tesouro português tinha em cofre em 2011", disse, na sessão de encerramento da 7.ª jornada do Roteiro para a Economia, que decorreu na Madeira.
"Nem vos quero mencionar o que é que disse o representante português do grupo de trabalho do Eurogrupo em 2011 quanto àquilo que era a almofada financeira que nós tínhamos de tão exígua e assustadora que ela é", vincou, revelando que no dia seguinte recebeu telefonemas de vários países da Europa "assustadíssimos, porque havia um grande empréstimo a amortizar poucos meses depois".
Pelo contrário, comparou, neste momento, Portugal tem acesso fácil aos mercados financeiros internacionais.
"Talvez se possam recordar que em 2011 todos os mercados estavam fechados para a República, para os bancos e para as empresas. Felizmente hoje Portugal tem acesso fácil a todos os mercados financeiros internacionais, hoje Portugal é um país respeitado junto de investidores internacionais, um país cumpridor, um país onde existem boas oportunidades de investimento", insistiu.
De volta a 2011
Já na segunda-feira, o Presidente da República recuou até 2011, quando falou sobre a actual crise política.
Na ocasião, o chefe de Estado recordou que enquanto primeiro-ministro esteve cinco meses em gestão e aconselhou a que se verifique o que aconteceu nos dois casos de crises políticas anteriores, em 1987 e 2011.
Em 2011, José Sócrates apresenta a sua demissão a 23 de Março, aceite dez dias depois pelo Presidente da República, Cavaco Silva. A 7 de Abril, o chefe de Estado anuncia a dissolução do parlamento e marca eleições antecipadas para 5 de Junho. A 21 de Junho, o Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho toma posse.
Em 1987, o X Governo Constitucional, liderado pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, foi derrubado a 3 de Abril com a aprovação de uma moção de censura ao Governo apresentada pelo PRD.
O XI Governo Constitucional, também liderado por Cavaco, tomou posse cerca de quatro meses e meio depois, a 17 de Agosto. As eleições legislativas antecipadas aconteceram a 18 de Julho. O executivo entrou em plenitude de funções a 28 de Agosto, depois do debate do programa de Governo na Assembleia da República.