22 nov, 2015 - 14:57
José Sócrates afirmou este domingo que está de volta à vida política portuguesa e deixou críticas à actuação do Presidente da República no pós-eleições legislativas.
Num almoço com apoiantes em Lisboa, o antigo primeiro-ministro e arguido na “Operação Marquês” acusa Cavaco Silva de estar ao serviço da direita e de estar a ouvir personalidades antes de tomar uma decisão, apenas para descredibilizar um futuro Governo de António Costa.
“A intenção do senhor Presidente da República, com esta demora, com estas audições, não é outra que não seja tentar desacreditar e enfraquecer a solução política de Governo que é a única solução política que o país dispõe”, disse José Sócrates, perante aplausos dos apoiantes.
O antigo primeiro-ministro considera que o Presidente da República está ao serviço de uma estratégia da direita.
“No fundo, o que o senhor Presidente da República quer e estar a fazer é sublinhar a anormalidade desta solução política, mostrar que ela é muito anormal, muito estranha, para com isso construir as bases da campanha eleitoral que a direita vai fazer. Ou melhor, as bases da campanha eleitoral que a direita um dia fará contra o futuro Governo que ainda não o é”, acusa José Sócrates.
O antigo líder do PS também deixou farpas a Pedro Passos Coelho: "É preciso ser muito cínico e ter muito desplante para dizer ao Partido Socialista, que se apresenta com uma coligação para responder ao fracasso que foi a apresentação do Governo da direita, que esse Governo que se apresenta como a única solução é um golpe. Golpe deram eles em 2011", argumentou, numa referência ao chumbo do PEC 4 e à queda do seu executivo.
O antigo primeiro-ministro falava num almoço de desagravo em Lisboa, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre elas históricos socialistas como Mário Soares e Almeida Santos, o líder da UGT, Carlos Silva, e antigos ministros Como Alberto Costa, Mário Lino e Vitalino Canas.
Numa altura em que se assinala um ano da sua detenção no âmbito da "Operação Marquês", José Sócrates deixou um aviso aos seus adversários: "Se o objectivo de alguém fosse que a minha voz fosse calada, como foi durante muitos meses, ficam agora a saber que essa voz está de volta ao debate público em Portugal".