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​Morais Sarmento

“PSD não deve ficar para sempre preso ao ressentimento pela aventura do PS”

24 nov, 2015 - 01:39 • José Pedro Frazão

A exigência de compromissos formais dirigida ao PS pelo Presidente da República em análise no "Falar Claro", da Renascença. Frente a frente com o social-democrata Nuno Morais Sarmento e o socialista Vitalino Canas.

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“PSD não deve ficar para sempre preso ao ressentimento pela aventura do PS”

O social-democrata Nuno Morais Sarmento considera que o PSD deve dar prioridade ao interesse nacional em decisões que se coloquem na actual legislatura. Questionado no programa “Falar Claro” sobre o apoio que os social-democratas podem fornecer ao PS em matérias importantes, o comentador da Renascença sublinhou que este é um momento de confronto político.

“Há que marcar e não esquecer a falta de legitimidade originária com que esta aventura começou. Deve o PSD ficar para a vida preso a esse ressentimento, ainda que isso custe Portugal? Não, como é evidente, sempre que o país estiver primeiro, [por exemplo] numa questão como a do Novo Banco”, afirma Morais Sarmento no debate político das segundas-feiras na Edição da Noite da Renascença.

Ocupando esta semana a cadeira de Vera Jardim, o deputado socialista Vitalino Canas denuncia duas atitudes políticas contraditórias da coligação PSD/CDS. O comentador lembra que os dois partidos apresentaram um projecto de resolução defendendo as orientações fundamentais da política externa portuguesa, diploma que foi aprovado com votos a favor de PS, PSD e CDS.

“O PSD e o CDS pediram à Assembleia para dizer uma coisa que eles não estão disponíveis a fazer, ao que parece. Ou seja, eles não estão disponíveis para colaborar no cumprimento dos compromissos do Estado português. Acho que isso é completamente absurdo. Então, se for à Assembleia da República um conjunto de medidas necessárias para satisfazer as regras do Tratado Orçamental, do PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento], directivas, eles vão votar contra? Então, o que é isso dos compromissos do Estado português? Vão votar contra o cumprimento dos compromissos do Estado português?”, questiona Vitalino Canas.

Morais Sarmento alerta para a falta de apoio popular a esta viragem política orquestrada por António Costa.

“O Partido Socialista virou à esquerda - fez uma opção circunstancial, se calhar daqui por um ano até estará noutro sítio - mas o país não virou. E o PS, às vezes, fala como se o país estivesse todo encantado com uma solução de Governo de esquerda com a qual sonhámos todos na noite em que adormecemos antes do dia da votação. Não é nada disto. Nós estamos noutro filme e o PS tem de o perceber”, argumenta o antigo ministro do PSD.

Que força é essa?

Os comentadores analisaram o pedido de um compromisso formal do PS em relação a diversas questões, no quadro do apoio parlamentar de esquerda a um governo minoritário do PS.

Nuno Morais Sarmento argumenta que António Costa assume pessoalmente toda a responsabilidade pela proposta apresentada em Belém.

“A força deste acordo é a força de António Costa. António Costa é um político muitíssimo capaz, como demonstrou neste golpe de rins”, reconhece Sarmento que fala num “ exercício de grande competência política e de menor ética política” por parte do secretário-geral do PS.

Para Vitalino Canas, o Presidente da República acabou por indigitar António Costa ao chamar o líder do PS a belém e emitindo o referido comunicado com um pedido de clarificação política.

“Uma indigitação é chamar alguém: ‘Vem cá, agora, por favor, forma Governo ou cria as condições ou faz os esforços necessários para formar Governo ‘. O que está aqui é uma indigitação, como tinha estado inicialmente com Pedro Passos Coelho logo a seguir às eleições, ainda antes de ouvir os partidos, o que me pareceu algo de irregular do ponto de vista constitucional”, sublinha o deputado socialista.

Garantias de Vitalino

Vitalino Canas reconhece que os acordos do PS com os partidos à sua esquerda não assegurados três dos quatro orçamentos da legislatura.

“Acho que está assegurado o Orçamento de 2016, os outros orçamentos necessitarão de alguma discussão. Não estão, portanto, assegurados à partida. Mas era necessário estarem? Era possível os partidos dizerem: ‘Nós não fazemos a mínima ideia do que vão ser esses orçamentos (2017, 2018 e 2019), não sabemos como é que a Europa vai evoluir, não sabemos nada disso, mas vamos aprovar’. Esse era um acordo sólido? Eu acho que esse é que era um acordo frágil”, defende o deputado do PS na Renascença.

O jurista sublinha que a exigência da aprovação do Orçamento para 2016 não esteve presente - “não tenho a noção, creio que isso não aconteceu” - aquando da indigitação do XX Governo Constitucional, liderado por Passos Coelho, que foi derrubado na Assembleia da República.

No plano dos compromissos de matéria de defesa colectiva – outra exigência de Cavaco ao PS – há a garantia de cumprimento desses preceitos pelo governo socialista.

“Os mecanismos de defesa colectiva, designadamente o artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, e designadamente o artigo 42º, nº 7, que foi agora invocado pelo Governo francês, do Tratado da União Europeia, são os dois mecanismos de defesa colectiva a que nós estamos vinculados, esses estão garantidos. Se forem invocados, Portugal, seja com um Governo do PS com qualquer configuração, seja com um Governo PSD/CDS, de certeza que vai cumprir isso. Nem percebo qual é a dúvida que existe”, responde Vitalino Canas.

Não politizem o Novo Banco

Nuno Morais Sarmento separa as exigências de Cavaco Silva sobre a estabilidade do sistema financeiro da resolução do problema do Novo Banco.

“Transformar o Novo Banco numa questão política é um crime, devia ser um daqueles crimes como no tempo de guerra”, acentua o comentador social –democrata, para quem as preocupações do Presidente da República relacionam-se com rumores sobre o que o PS quer fazer com o Novo Banco.

“O Presidente da República fala com a razão que resulta de já termos começado a ouvir uma conversa, que é uma conversa velha em Portugal, mas que sai sempre do bolso dos portugueses e não de quem a diz, que é: ‘Bom, a situação lá no banco temos que ir ver, porque se calhar eles enganaram-nos ali ou enganaram-se…”, remata o comentador do “Falar Claro”.

Comentários
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  • rosinda
    25 nov, 2015 palmela 03:05
    o psd nao pode ficar para sempre com ressentimento mas entretanto a filha do terrorista escreve o artigo opiniao jornal noticias sobre o que se passou na ponte 25 abril durante os governos de cavaco silva ficou com ressentimento no tempo em ainda usava fraldas!
  • rosinda
    25 nov, 2015 palmela 02:35
    o psd nao vai ficar preso ao ressentimento pela aventura do ps quem fica com esse ressentimento e o povo !O POVO NAO ESCOLHE DEPUTADOS ESCOLHE PARTIDOS!
  • Manuel Abreu Gloria
    24 nov, 2015 Caminha 17:53
    Eu nunca gostei de viver em ditadura e essa é uma das razões pela qual não quero maioria absoluta em nenhum governo, portam-se como ditadores, e para mau exemplo temos o ultimo governo, como os deputados da A.R. não são escolhidos e eleitos pelo povo que vão representar, nunca podem expressar a vontade do povo, por terem sido escolhidos pelos partidos e não eleitos pelos que supostamente vão representar e sendo assim não teem que lhes dar satisfação, eu digo que isto em lado nenhum é considerado governo do povo para o povo ou seja democracia, esta democracia representativa que temos não envolve o povo é só entre os partidos e a prova disso está no facto de que nós ainda não elegemos ninguém, votamos em partidos e eles fazem a escolha que devia de ser do povo e não é, o povo é posto de parte e como tal não vive em democracia, será que sou sozinho no meu reparo, eu acho que não e a prova está no alta percentagem de abstenção do povo, nós queremos participar mas com este sistema é impossível por isso se não mudar para uma democracia participativa a percentagem da abstenção será pior. Saúde da boa para todos.
  • Pagante
    24 nov, 2015 Lisboa 12:53
    AVENTURA foi a enorme mentira dos aldrabões do PSD quanto à fatura que vamos pagar pelo roubo de BPN+BES+BANIF, roubo da responsabilidade dos seus amigalhaços.
  • Birras do PR
    24 nov, 2015 Lx 11:09
    O poder seria tão melhor aproveitado com bom senso, em lugar de birras e ressentimentos... Se o povo votou á esquerda, que seja respeitada a vontade do povo!.... Por alguma razão a maioria das pessoas de nacionalidade portuguesa, votaram nos partidos de esquerda....isto significa que a maioria não quer a direita no poder. O PR, que está longe de ter uma boa imagem junto opinião pública geral, continua a ter atitudes que em nada abonam a seu favor.... Só se envergonha a ele, que será para sempre recordado, por muitos, como o pior presidente da republica que Portugal já viu.
  • Pedro
    24 nov, 2015 Bencatel 10:30
    Sai sempre do bolso dos portugueses e não de quem a diz. Bom isto deve ter a ver com a atitude do governo psd/cds.

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