18 dez, 2015 - 03:35 • José Pedro Frazão
O presidente do PS revela que pouco sabe sobre a longa entrevista de José Sócrates à TVI, transmitida em dois dias consecutivas e alvo de múltiplas reacções e comentários.
Convidado do programa “Conselho de Directores”, da Renascença, Carlos César foi questionado sobre as palavras de Sócrates sobre várias matérias, nomeadamente um apelo para que o PS apoie um candidato presidencial. “Não vi a entrevista. Estas ocupações do trabalho parlamentar não nos dão tanta liberdade. E nos resumos dos nossos assessores não vieram questões relativas a essa entrevista”, respondeu o também líder da bancada do PS na Assembleia da República. “Se é estranho? Não, parece-me normal”, complementou Carlos César.
O presidente do partido, um dos homens mais próximos de António Costa, não quis ainda assim comentar a acusação de Sócrates dirigida ao PS pelo pouco que fez em relação ao rumo do processo judicial que o manteve quase 10 meses na cadeia. “São questões que têm uma componente pessoal e emocional obviamente compreensíveis. O tempo ajudará a fazer compreender as posições de todas as partes. É uma matéria sobre a qual não me alongo”, afirmou Carlos Cesar.
Ao lado de Sampaio da Nóvoa
O antigo presidente do Governo regional dos Açores mantém que “Sampaio da Nóvoa tem o perfil adequado a um apoio por parte do Partido Socialista, neste caso de um socialista”. O deputado socialista sublinha que esta tem sido a sua posição, embora garanta que não declarou um apoio explícito a nenhum candidato.
Carlos César reconhece que “em determinada fase do processo” chegou a anunciar que o PS devia antecipar o apoio a Sampaio da Nóvoa. “Também tive oportunidade de dizer que se se apresentassem vários candidatos que se reclamassem de uma área próxima do PS, deveria ser dada liberdade de voto e independência aos socialistas. O PS não vai apoiar um candidato”, assegura Carlos César numa resposta indirecta ao apelo deixado na TVI por José Sócrates.
“O que será o PSD pós-Passos?”
O presidente do PS foi o convidado de uma edição especial do “Conselho de Directores” dedica a fazer um balanço do ano de 2015. O acordo à esquerda foi destacado como um dos acontecimentos do ano.
Questionado sobre a possibilidade de um entendimento mais fácil do PS com um PSD sem Passos Coelho, Carlos César foi evasivo.
“Não sabemos o que será o PSD pós-Passos Coelho. Não estamos aqui num namoro com uma criatura a piscar o olho a outro”, respondeu o líder parlamentar do PS que assegurou que os entendimentos à esquerda “estão a correr bem”, constituindo-se como um “ compromisso político de realização de um conjunto de medidas importantes que integram também o património programático do Partido Socialista”. César assegura que o acordo com os partidos de esquerda é para cumprir.
O “discurso de tanga” de Passos Coelho
Carlos César criticou o presidente do PSD por ter afirmado, esta quinta-feira, que pediu “moderação” aos parceiros do Partido Popular Europeu em relação ao novo Governo. “Passos Coelho fez uma ‘conversa de tanga’ no Partido Popular Europeu (PPE). Vamos reavivar a nossa memória: Passos Coelho diz que foi pedir compreensão ou moderação ao PPE face à situação portuguesa depois de há 15 dias ou um mês ter tentado promover um levantamento de rancho contra Portugal”, contra-atacou o presidente do Partido Socialista.
O “Conselho de Directores” é um programa semanal emitido na Edição da Noite da Renascença, com participação habitual de Pedro Santos Guerreiro, Henrique Monteiro e Graça Franco, esta semana substituída por Raquel Abecasis, com moderação de José Pedro Frazão.