21 dez, 2015 - 11:18
O Bloco de Esquerda (BE) deixou esta segunda-feira críticas ao anterior executivo PSD/CDS-PP, que acusa de conduzir um "crime" no Banif, e reconheceu preocupação "com as consequências de decisão que o Governo do PS" apresentou.
"O BE está preocupado com as consequências da decisão que o Governo do PS ontem apresentou. Ela não só implica despedimentos, como um gigantesco prejuízo imposto aos contribuintes", vincou a deputada do Bloco Mariana Mortágua na sede do partido, em Lisboa.
A declaração surge depois de a Comissão Europeia ter aprovado o plano português de uma ajuda adicional de 2,25 mil milhões de euros para a cobrir o “buraco” financeiro no Banif.
O primeiro-ministro, António Costa, admitiu, no domingo, que a venda do Banif ao Santander, por 150 milhões de euros, tem um "custo muito elevado", mas é a solução que "melhor defende o interesse nacional".
Mariana Mortágua considera que o Executivo PSD/CDS-PP "ignorou sucessivos avisos da Comissão Europeia, que recusou nada menos que oito planos de reestruturação apresentados pela administração do Banif".
Acusou ainda Passos Coelho, Paulo Portas e os respectivos partidos de "encenar" a saída limpa de Portugal do programa de ajustamento, num "acto criminoso em nome de um puro interesse eleitoralista e político".
A TSF avançou esta segunda-feira que a venda do Banif foi adiada para não perturbar a "saída limpa" do programa de assistência.
"Medimos muito bem as palavras que escolhemos", sublinhou a deputada, que chamou a atenção para o agravar "radical" das perdas para os contribuintes que na sequência da "negligência" de PSD e CDS.
Merecedoras de críticas foram também a administração do Banif e o Banco de Portugal: Carlos Costa, o governador do banco central, "não tem mínimas condições para se manter na sua posição".
O BE irá, assim, propor uma comissão parlamentar de inquérito à gestão e intervenção no Banif para apurar "todas" as responsabilidades sobre o caso.
"Este caso demonstra uma vez mais a necessidade de uma transformação de fundo no sistema bancário. Essa transformação só é possível com o controlo público e transparente da banca", acrescentou, mostrando-se próxima da solução defendida pelo PCP.
A deputada destacou ainda que a posição do Bloco em torno do Banif sempre foi contrária à injecção de dinheiros públicos e que o partido sustenta que os activos bons do banco "deviam ter sido agregados e mantidos sob o controlo público da Caixa Geral de Depósitos e os activos tóxicos integrariam um “banco mau”.
"Em vez de uma nova condenação sobre os contribuintes, os custos desta operação deveriam, em primeiro lugar, ser assumidos pelos accionistas e grandes financiadores do Banif", advogou Mariana Mortágua.