29 dez, 2015 - 18:14 • Eunice Lourenço
“Há três ou quatro jovens com capacidade” para liderar o CDS, disse Adriano Moreira, em entrevista à Renascença. Já não são assim tão jovens, mas são quatro os nomes de quem toda a gente fala, os mesmos quatro nomes que já estavam na ribalta no último congresso do partido, em Janeiro de 2014: Nuno Melo, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares e João Almeida.
A estes pode ainda juntar-se o nome de Telmo Correia, que pode querer aproveitar a oportunidade para recuperar da derrota de 2005. E o de Filipe Anacoreta Correia, que no congresso de 2014 marcou terreno e concorreu com Paulo Portas.
Nuno Melo
Com 49 anos, já não é propriamente um jovem e, segundo fontes do CDS, estará “muito relutante” em avançar. Poderia ser um candidato de unidade do portismo, mas tem a grande desvantagem de não estar no parlamento português (está no europeu). Logo ele que, entre 2005 e 2007, tanto criticou a liderança de Ribeiro e Castro precisamente pela ausência do líder na Assembleia da República.
Por cá, já fez de tudo na carreira política: dirigente local, autarca, deputado, líder parlamentar, vice-presidente do partido. Foi durante anos visto como o sucessor de Portas, mas o seu tempo pode ter passado ou, simplesmente, não estar no sítio certo quando o comboio por fim parou na estação.
O próprio Paulo Portas, que nunca o levou para o Governo, acaba, no fundo, por excluí-lo no discurso em que anunciou que não se recandidata, ao dizer que o seu sucessor deverá ter experiência parlamentar e governativa.
Assunção Cristas
Foi Portas que a levou para o CDS depois de a ver num debate televisivo sobre a despenalização do aborto. E levou-a para o Governo e para a direcção do partido. Com 41 anos, mãe de quatro filhos, tem uma óptima imagem externa, mas levanta anticorpos dentro do CDS: o que uns vêem como espírito de missão, muitos olham apenas como ambição. E os partidos tendem a reagir contra quem não fez um percurso interno.
Não domina, portanto, a máquina partidária, mas, além disso, tem posições pouco conservadoras sobre temas fracturantes como o casamento de homossexuais, o que também incomoda alguns sectores do CDS. Contudo, tem vontade e disponibilidade, que já manifestou em entrevistas ao longo dos últimos tempos. E tem, provavelmente, os melhores índices de popularidade junto do eleitorado.
Pedro Mota Soares
Está para o CDS como António José Seguro como o PS. Fez o clássico percurso partidário: líder da juventude, secretário-geral do partido, deputado, líder parlamentar, vice-presidente. E tem a experiência governativa de ter tomado conta de uma pasta cara ao CDS e aos seus nichos de eleitorado: a Solidariedade e Segurança Social.
Ao mesmo tempo, nunca deixou de cultivar as relações partidárias, visitando estruturas distritais aos fins-de-semana e colocando apoiantes nessas estruturas. Tem a mesma idade (41 anos) de Assunção Cristas e a grande batalha – seja pública ou de bastidores - pela sucessão de Portas pode ser mesmo entre eles. O partido pode preferir Mota Soares, mas o país pode não perceber que seja ele o escolhido em detrimento da ex-ministra da Agricultura.
João Almeida
Se o tempo de Nuno Melo pode ter passado, o de João Almeida ainda não terá chegado. Ainda assim, o seu nome já há dois anos fazia parte da “short list” de candidatos à sucessão quando ela viesse a acontecer. Com um percurso partidário muito semelhante ao de Mota Soares (também foi líder da juventude e secretário-geral do partido) ainda é visto, contudo, como um júnior. Isto apesar de, aos 39 anos, já ser mais velho do que era Paulo Portas quando conquistou a liderança do CDS.
Telmo Correia
Em 2005 não mostrou rasgo, nem vontade, e perdeu a liderança do CDS num congresso em que Ribeiro e Castro surpreendeu. Agora, aos 55 anos, pode querer resolver essa derrota que lhe ficou atravessada. Fez uma longa travessia de deserto – durante a qual Portas lhe foi dando cargos mais ou menos honoríficos, como presidente do Conselho Nacional e vice-presidente do Parlamento –, mas nos últimos tempos tem estado mais activo na vida partidária e com intervenções politicamente mais marcantes.
Filipe Anacoreta Correia
Nos últimos anos foi o rosto da oposição interna a Portas, à frente do Movimento Alternativa e Responsabilidade. No último congresso, em Janeiro de 2014, decidiu mesmo contar votos. Teve 20% e marcou terreno para o futuro, num congresso em que a sucessão de Paulo Portas já passava pelas cabeças e pelos discursos.
Com 43 anos, chegou em Outubro ao Parlamento nas listas de Portas que quis, assim, dar um sinal de abertura. Disse à Renascença que a decisão sobre uma nova candidatura fica para 2016, mas há entre os portistas quem pense que o seu movimento pode vir a apoiar Assunção Cristas.