29 jan, 2016 - 10:25 • Cristina Nascimento
O primeiro-ministro, António Costa, garante que o esboço de Orçamento do Estado entregue à Comissão Europeia só pode gozar de credibilidade, estando de acordo com os compromissos com o eleitorado. António Costa acusou o anterior Governo de ter enganado Bruxelas.
"Alguém", disse Costa, no debate quinzenal que decorre, na manhã desta sexta-feira, na Assembleia da República, convenceu a Comissão Europeia "que medidas que nacionalmente foram apresentadas como temporárias eram definitivas".
O primeiro-ministro respondia à intervenção do líder do PSD, que se manifestou "nada tranquilo" com as expectativas criadas pelo Governo no esboço do Orçamento do Estado para 2016 apresentado em Bruxelas.
Sobre o documento apresentado em Bruxelas, Costa insistiu na urgência da recuperação dos rendimentos dos portugueses, na correcção da asfixia fiscal e na redução das desigualdades para possibilitar "uma navegação tranquila" e "com rumo certo".
António Costa abriu o debate quinzenal na Assembleia da República citando o músico Sérgio Godinho, que cantou que "a sede de uma espera só se estanca na torrente".
"Este Governo e esta maioria parlamentar foram os primeiros a reconhecer a urgência que o país e os portugueses sentiam relativamente à recuperação dos seus rendimentos, à correcção da asfixia fiscal, à redução das desigualdades. Depois destes brutais anos de austeridade, temos de gerir com inteligência a torrente, transformando a sua força em energia e progressivamente ir alargando as margens, aplacando a velocidade a que corre o caudal, permitindo navegação tranquila e com rumo certo", declarou o líder do executivo.
Confusão identitária
Um facto lateral marcou o início do debate: por duas vezes, António Costa dirigiu-se a Passos Coelho como "senhor primeiro-ministro".
O lapso surgiu quando o chefe de Governo recusava falar sobre os "últimos quatro anos", acusando Passos de ter dificuldade em "libertar-se do seu passado".
"Senhor deputado Pedro Passos Coelho, com toda a cordialidade, convido-o a vir para o presente, porque no presente é muito bem recebido", disse António Costa, acrescentando: "No presente, encontrará um largo futuro."