13 fev, 2016 - 16:15
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, pediu "decoro" ao Governo para que não peça aos sociais-democratas que apoiem as actuais políticas, considerando que as mesmas revertem todo o trabalho do anterior executivo.
"Não nos venham exigir, em nome do nosso sentido de responsabilidade, que apoiemos os programas que querem reverter tudo o que fizemos e culpar-nos de todo o mal que existe no país, isso não", disse, acrescentando: "haja pelo menos esse decoro, de não pedirem o nosso apoio para combater as nossas ideias e desfazer as reformas que nós fizemos".
Pedro Passos Coelho falava em Portalegre, no decorrer de um almoço convívio com simpatizantes e militantes do PSD que apoiam a sua recandidatura à liderança do partido, tendo visitado antes uma exploração agrícola.
O presidente do PSD fez questão de frisar que o Governo é sustentado por uma maioria de esquerda e que a mesma "não se confunde" com o PSD.
"Temos hoje outro Governo e um Governo que é sustentado por uma outra maioria. Essa maioria não se confunde connosco, não somos nós que apoiamos o actual Governo, é o PCP, o PEV, BE, o PAN e o PS que apoiam o actual Governo", disse.
"E qual é o seu programa? Desfazer o que nós fizemos, este é o programa do actual Governo. Ao cabo de dois meses e meio, o que se conhece do actual Governo é fazer o contrário do que o Governo anterior fez, não me parece um caminho normal", acrescentou.
O primeiro-ministro, António Costa, disse numa entrevista publicada no semanário Expresso que o PSD se deve libertar do "casulo em que ficou fechado" para que possa regressar "à vida democrática no presente".
Questionado se teme que o Presidente da República eleito a 24 de Janeiro o tente "empurrar" para entendimentos com os sociais-democratas, António Costa respondeu que entendeu as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa como "um convite a que o PSD se liberte do casulo em que ficou fechado e possa regressar à vida democrática no presente, convivendo com os demais partidos".
António Costa considerou ainda que "é normal nas democracias que o debate parlamentar e a construção das soluções envolva os diferentes agentes políticos, umas vezes concordando, outras não".
"Há matérias que, pela sua natureza, convidam a consensos políticos mais amplos e acho que seria uma pena se o PSD continuasse fechado naquele casulo perdido no passado e não regressasse ao tempo presente", sublinhou.
Ainda relativamente a futuros entendimentos com o PSD, António Costa acrescentou: "numa democracia o compromisso e o diálogo político são importantes e não queremos nem pretendemos excluir ninguém desse diálogo".