26 fev, 2016 - 21:29 • Eunice Lourenço
O CDS pode tomar uma posição contra a eutanásia no congresso que vai decorrer nos dias 12 e 13 de Março em Gondomar. Uma das moções sectoriais, levada ao congresso pela deputada Isabel Galriça Neto, rejeita a eutanásia ou o suicídio assistido e defende e melhoria dos cuidados de saúde.
“Criar o “direito a morrer” poderia facilmente desembocar num “dever de morrer”, junto de pessoas mais vulneráveis, como idosos desamparados e isolados, que, sentindo-se um fardo na sociedade, seriam levados a crer que as suas vidas são menos dignas e não valem a pena ser vividas”, escreve a deputada na moção que também é assinada por Teresa Caeiro e Pedro Mota Soares.
Galriça Neto leva, assim, ao congresso do CDS um tema que entrou na agenda política depois de, no dia 6, ter sido lançado um manifesto pela morte assistida, assinado por personalidades de vários sectores de actividade e de várias áreas políticas.
“Convém sublinhar que a questão da eutanásia não é uma questão médica, e que legalizá-la minaria completamente a relação de confiança desejável dos doentes nos seus médicos, e alteraria profundamente as bases de um código deontológico milenar que tem como valor estruturante “não matar”. O médico deve ajudar a viver até morrer, e não ajudar a matar”, lê-se na moção entregue esta sexta-feira.
Isabel Galriça Neto lembra que foi o CDS a liderar a criação de uma lei de bases dos cuidados paliativos e defende que se mantena o “desenvolvimento sustentado” de redes de cuidados continuados e de cuidados paliativos.
“Os Cuidados Paliativos não servem para “ajudar a morrer”, para encurtar a vida das pessoas, não são uma antecâmara da morte, não se destinam apenas a moribundos, e não são uma espécie de “mão na mão” ou “amor e carinho”. São verdadeiros cuidados de saúde, que exigem preparação rigorosa e treino dos profissionais que os prestam, que intervêm activamente nas diferentes dimensões do sofrimento humano associado a doenças graves – e não apena nos sintomas físicos – e que aumentam a qualidade de vida e não a encurtam, melhorando reconhecidamente o apoio às famílias”, escreve a deputada que também é médica especializada, precisamente, nesta área.
A moção defende também que seja criada a especialidade de Cuidados Paliativos tanto na carreira médica como na de enfermagem. E propõe que sejam desenvolvidos esforços para dar mais apoio e assistência aos cuidadores em ambiente domiciliário.