22 mar, 2016 - 00:27 • Raquel Abecasis
Portugal não tem capital para segurar os seus bancos e esse é o principal problema, defendem o socialista Vera Jardim e o social-democrata Nuno Morais Sarmento.
No programa “Falar Claro” da Renascença, Vera Jardim deixa uma recomendação aos autores do manifesto contra a "espanholização" da banca portuguesa.
“Bom era também que pudessem mobilizar intenções, vontades, capital - esta última é a mais difícil -, para ver se conseguiam pelo menos que o Novo Banco pudesse ter um caminho português”, desafia o antigo ministro da Justiça.
Vera Jardim não sabe se é pior ficar tudo nas mãos espanholas ou repartido entre espanhóis e angolanos. Mas de uma coisa tem certeza: “A banca portuguesa não tem dimensão. Se virmos os três primeiros bancos espanhóis, valem tanto como praticamente todo o sistema bancário português”.
Para o comentador socialista, “bom era que houvesse dois grandes bancos portugueses”. A “solução ideal” era haver a Caixa Geral de Depósitos e um “outro grande banco português”.
Já Nuno Morais Sarmento não dá grande credibilidade à dramatização em torno da "espanholização" da banca e lembra os receios sobre a entrada de capitais angolanos e chineses.
“De vez em quando nós temos isto, como se houvesse alternativa. Sermos coutada de um qualquer país, em exclusivo, tudo o que é demais enjoa. Isto desequilibra e fragiliza-nos. O melhor que temos a fazer é tentar equilibrar um bocadinho e não deixar que esse exclusivo aconteça”, sublinha.
Ainda na banca, Morais Sarmento diz que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, “não comete um crime” ao pedir explicações ao primeiro-ministro, António Costa, sobre a sua intervenção na solução encontrada para o BPI.
Mas o comentador social-democrata diz não compreender porque é que Passos Coelho não aproveitou a questão do Banif para pôr em causa o Governo.
“Eu nunca percebi porque é que Pedro Passos Coelho, uma vez que estamos a falar de banca, a fazer combate político, não o fez na questão do Banif. 48 Horas depois de António Costa tomar posse dizendo que tinha uma maioria sólida e segura, uma alteração ao Orçamento do Estado só passou porque o PSD a viabilizou. Eu a fazer o combate político tinha-o feito aí. Aí o país percebia, aí o país tinha percebido: então tomaram posse há 48 horas? E eles que viessem explicar que era o Governo anterior ou depois, não interessa”, argumenta o antigo ministro da Presidência.
Na edição desta semana do “Falar Claro” da Renascença, Morais Sarmento também critica a judicialização das relações de Portugal com países como Timor-Leste e Angola. Diz que todos os negócios angolanos em Portugal são vistos à lupa pelo Ministério Público, coisa que não acontece com outros, como por exemplo os investimentos chineses.