01 abr, 2016 - 21:48
O défice orçamental de 2015 podia ter ficado abaixo de 3% se o actual Governo do PS se tivesse esforçado mais, acusou Pedro Passos Coelho no discurso de abertura do 36.º Congresso do PSD, que começou esta sexta-feira, em Espinho.
"Com um bocadinho mais de zelo, depois de um Conselho de Ministros em Dezembro tão apoteoticamente apostado em evitar um défice superior a 3%, nos teria com certeza garantido um défice abaixo de 3%", afirmou o líder social-democrata.
Passos Coelho garante que enquanto estiver na oposição não ficará "à espera que tudo corra mal" ao Governo de António Costa, "para que no futuro possa ganhar eleições".
Mas, prosseguiu, "temos o dever de alertar e não apoiar políticas e decisões que conduzirão a maus resultados para os portugueses”.
Para o antigo primeiro-ministro que agora lidera a oposição, o actual Governo de esquerda "coloca o país a olhar para trás e não para o futuro" e Portugal não pode "cometer os erros do passado" que levaram aos resgates da troika.
“O PCP, o BE e o PS podem aos olhos de muitos constituir uma maioria um pouco estranha, mas não há duvida tem-se revelado uma maioria consistente o suficiente para o que primeiro-ministro possa dizer que o Governo não precisa dos votos nem apoio do PSD”, declarou.
Passos Coelho trouxe para o congresso o alerta feito esta sexta-feira pela agência de notação financeira DBRS, que admite cortar o “rating” de Portugal em caso de incerteza política ou se o crescimento económico não for suficiente para reduzir a dívida pública.
O líder do PSD acusa o Governo de ter uma “postura desafiadora destes alertas”, o que “só pode aumentar os riscos, na medida em que reverte políticas por obcessão”.
“O actual Governo e maioria que o suporta não se importam de impor riscos desnecessários aos portugueses e, com isso, vão construindo um mau exemplo para a sociedade. Não pode ser bom exemplo desfazer o que de estrutural foi feito pelo anterior Governo”.
Passos envia abraço a Rebelo de Sousa e define papel do Presidente
Durante o discurso de abertura do 36.º Congresso do PSD, Passos Coelho saudou a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para a Presidência da República.
Depois de enviar para Belém um "abraço muito forte a Rebelo de Sousa" e "com muito afecto", o líder social-democrata falou sobre o que, na sua opinião, deve ser o papel do chefe de Estado.
Passos Coelho defende que o Presidente da República "deve garantir um exercício absolutamente à margem dos partidos" e "não se pode confundir com o legítimo jogo partidário".
"Cabe ao Presidente da República intervir com pensamento e acção, arriscando ter posição e marcar a diferença" e que, na sua relação com outros órgãos de soberania como Governo e Assembleia da República, "deve estar presente o interesse estratégico nacional, mais do que a espuma dos dias", salientou.