11 abr, 2016 - 17:29
A petição que pede a despenalização da eutanásia vai dar entrada na Assembleia da República, no dia 26 deste mês.
Segundo informação recolhida pela Renascença, a petição tem já mais de oito mil assinaturas o que obriga a discussão no plenário da Assembleia.
A versão online da petição recolheu, desde o dia 16 de Fevereiro, tem pouco mais de 7.900 assinaturas, a que se devem somar os 100 nomes de personalidades que subscreveram o manifesto pela despenalização, cujo texto é idêntico ao da petição.
Para além da discussão que esta petição terá de gerar na Assembleia da República, o Bloco de Esquerda já prometeu apresentar um projecto de lei de igual teor.
A questão da eutanásia foi lançada em Fevereiro pelo dito manifesto e desde então já mereceu apoios e críticas de vários quadrantes.
Ainda na passada quinta-feira os bispos portugueses voltaram a rejeitar a legalização da eutanásia. Os bispos falam mesmo numa “total rejeição da eutanásia, que elimina a vida de uma pessoa, matando-a. A Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”.
"Se tiverem esperança, as pessoas querem viver"
Susana Magalhães é investigadora do Instituto de Bioética da Universidade Católica e é contra a Eutanásia. Considera que o argumento de que mais vale legalizar agora não colhe e lembra que a eutanásia não é o caminho, mas sim o estimulo à vida.
"Não somos só um tumor no pâncreas, a doença de Parkinson. Somos mais do que isso e é bom que o médico tenha resposta para nós, como pessoas que somos na nossa totalidade, e a estima de si. Acho que aqui é que a eutanásia mata, de facto. Na relação com o médico a estima de cada um de nós deve ser alimentada por nós e pelo outro e a estima de si é totalmente eliminada quando a eutanásia está em cima da mesa", disse a investigadora durante uma conferência promovida pela Universidade Católica do Porto sobre ética e eutanásia.
"O argumento de que mais vale legalizar porque as más práticas já acontecem, é um argumento que eu compreendo, mas que me arrepia. Por esse argumento não valia a pena acabar com muitos crimes. Com isto, não estou a dizer que quem propõe a eutanásia é uma proposta que, na sua cabeça, esteja a cometer um crime. E depois, o direito a significa que temos obrigação de promover as condições para a eutanásia", sublinha Susana Magalhães.
Presente esteve também António Araújo, director do serviço de oncologia médica do Centro Hospitalar do Porto, para quem não faz sentido falar no fim da vida, mas no melhoramento desta.
"Se tiverem esperança, as pessoas querem sobretudo viver. As pessoas só podem ter verdadeira opção sobre a sua vida se tiverem opção de escolher dentro da vida. Se não há cuidados paliativos que cheguem para os doentes, não podes falar de opções livres e conscientes", argumenta António Araújo.
[notícia actualizada às 01h22]