26 abr, 2016 - 22:54 • Paula Caeiro Varela
O CDS vai ficar sozinho a reclamar a votação do Programa de Estabilidade e do Plano Nacional de Reformas (PNR) que são esta quarta-feira discutidos no Parlamento.
A Renascença sabe que o PSD vai abster-se no projecto dos centristas que pede essa votação, deixando assim o ex-parceiro de coligação sozinho a pedir a votação dos dois documentos que o Governo tem de entregar em Bruxelas.
Ambos os documentos não têm de ser votados, só debatidos. E todos os partidos vieram dizer que não faziam questão de os votos, à excepção do CDS que apresentou um projecto de resolução em que reclama que o Governo e a maioria que o apoia levem o Programa de Estabilidade e o PNR a votos.
Esse projecto do CDS tem duas partes: uma em que condena a revisão das metas feita pelo executivo no Programa de Estabilidade e defende alternativas para o que devia constar no PNR e uma segunda parte em que pede a votação das propostas do Governo.
Segundo disseram à Renascença fontes parlamentares sociais-democratas, o PSD votará favoravelmente a primeira parte, mas vai abster-se na segunda.
Já na sessão solene do 25 de Abril, na segunda-feira, o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, tinha desafiado o PSD a votar ao lado dos democratas-cristãos, deixando no ar a possibilidade de ficarem sozinhos.
Nuno Magalhães recordou a votação da Constituição, há 40 anos, quando o CDS foi o único partido a votar contra a lei fundamental e todos os outros votaram a favor.
"Há 40 anos, o CDS ficou sozinho na votação da então nova Constituição. Mas o tempo deu-nos razão", disse Nuno Magalhães, passando para a actualidade e para o programas de estabilidade e de reformas: "Não sei se ficaremos sozinhos ou acompanhados, nesta proposta e neste pedido de votação dos planos de estabilidade e reformas. Mas sei que hoje, como então, muitos portugueses nos compreendem.”
O PSD já, por várias vezes e várias vozes, incluindo a do líder, Pedro Passos Coelho, tinha dito que não fazia questão que o Programa de Estabilidade seja votado.
Para ser votado, seria necessário que algum partido apresentasse um projecto de resolução de apoio ou de rejeição das propostas do Governo. Ora, também não é exactamente isso que o CDS faz.
O projecto do CDS diz que deve ser votado e, portanto, o que os deputados vão votar não são os documentos do Governo, mas a decisão de os levar a votação. E toda a esquerda, a começar pelo PS, já anunciou que votará contra. Agora, também o PSD, ao abster-se, deixa o CDS sozinho.
O CDS pretende que o seu projecto de resolução seja votado já esta quarta-feira e não só nas votações regimentais de sexta-feira, mas para isso é preciso que todos os partidos aceitem na conferência de líderes que decorre de manhã.