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Ex-director de campanha de Marcelo: “Estado não tem que gerir escolas e controlar currículos"

10 mai, 2016 - 01:45 • José Pedro Frazão

Pedro Duarte, antigo deputado e líder da JSD, explica a sua visão sobre o papel do Estado na educação. Vera Jardim diz que a Fenprof tem agido para lá da “esfera sindical”.

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Ex-director de campanha de Marcelo: “Estado não tem que gerir escolas e controlar currículos"
Ex-director de campanha de Marcelo: “Estado não tem que gerir escolas e controlar currículos"

O antigo deputado do PSD e ex-director da campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa defende uma reformulação do papel do Estado na educação em Portugal. No programa “Falar Claro” da Renascença, Pedro Duarte saiu em defesa de uma função essencialmente reguladora do Estado por oposição à linha política que identifica na actual governação.

“O Estado tem um papel crucial e fundamental na educação, que fique claro. Agora, gostava de ver o Estado preocupado com o que é realmente preocupante e não em gerir escolas, controlar programas curriculares, entrar em polémicas permanentes sobre datas de exames e momentos de provas. O Estado deve ter um papel de regulação de todo o sistema, de garantia de qualidade e também de avaliação de alunos, professores e das escolas. A inspecção de educação deveria ser um organismo de avaliação de ponto de vista científico e académico, acima de qualquer conjuntura política. E um papel de regulação em que, por exemplo, quando não há oferta educativa em determinados locais, o Estado pudesse intervir para colmatar essas mesmas lacunas”, defende o antigo deputado do PSD na Renascença.

Em contraponto, Vera Jardim contesta a "posição subsidiária do Estado” que diz encontrar no discurso de Pedro Duarte.

“Não é a minha posição. A minha posição é que o Estado tem uma função constitucional central nesta matéria, que é assegurar o ensino público a todas as crianças e jovens”, declara Vera Jardim no programa “Falar Claro”.

O antigo ministro do PS elogia a orientação pela descentralização na educação que vislumbra no discurso do primeiro-ministro.

"Quanto mais perto estiver da escola a entidade que a tiver que a fiscalizar, vigia e financiar [melhor será]. Salvo o que o estado guardará para si, como a fixação de um currículo obrigatório mínimo, regras mínimas de avaliação. Os bons sistemas educativos europeus, dados como exemplos, como na Finlândia e outros países nórdicos, são sistemas muito descentralizados com grande autonomia das escolas”, argumenta o histórico socialista.

Pedro Duarte concorda, mas assinala o peso excessivo dos sindicatos do sector. “São os primeiros interessados em que não haja descentralização”, acrescenta o social-democrata, para quem a "centralização excessiva tem a ver com alguns sindicatos que têm tido mais força na área da educação”.

O antigo deputado do PSD assegura que os sindicatos preferem um poder centralizado, pois o seu próprio poder aumenta se houver um interlocutor único na 5 de Outubro.

“Apesar das proclamações do primeiro-ministro, estou muito céptico, em concreto na Educação, que haja qualquer espécie de descentralização. Infelizmente, porque acho que fazia bem a todos nós”, sublinha Pedro Duarte.

O socialista Vera Jardim reconhece que a acção de alguns sindicatos não tem sido totalmente positiva no sector da educação.

“Se me pergunta se eu aprecio muito a acção da Fenprof nos últimos anos, incluindo com ministros socialistas, há porventura um poder demasiado em certas coisas que ultrapassam a esfera sindical”, remata o histórico militante do PS.

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  • Fernando de Almeida
    11 mai, 2016 Porto 03:38
    Sou a favor da iniciativa privada. Sou por um estado democra'tico forte. Para bem de todos, sou pela total separação do estado em relação a qualquer religião.Andei num colégio privado e cato'lico, pago pelos meus Pais, e, os exames eram feitos no Liceu.Compreendo a posição do Ministro mas, não consigo compreender a argumentação dos proprieta'rios dos colégios privados e muito menos a posição da Confere^ncia Episcopal nesta matéria
  • António Sousa
    10 mai, 2016 Lisboa 20:03
    Tanta gente aziumada aqui nos comentários, provavelmente da extrema esquerda... Deixem-se de ideologias preconceituosas. Sabem perfeitamente que é mentira tudo que dizem. Sim estas escolas são mais económicas para o país, sim estas escolas têm mais qualidade que as públicas. Só compreendo estes comentários na medida em que estas escolas ameaçam postos de trabalho no setor público. Por favor tenham bom senso...
  • antonio
    10 mai, 2016 lisboa 17:46
    Mais um com a mesma história,,,, com politicozecos destes...estamos sujeitos a tudo! e é privado não tem que ter dinheiro dos contribuintes"!
  • paulo
    10 mai, 2016 lisboa 17:38
    Não sei quem é o sr Pedro Ribeiro, mas seguramente não percebe nada de educação deve ter sido um boy que leu umas coisas do género.. Torna-se perigosa a ideia de autonomia educativa agora que as autarquias estão a tomar conta de tudo o que diz respeito ao ensino e outras responsabilidades financeiras. Eu estou a imaginar (e isso já acontece) no interior desertificado de Portugal, os interesses educativos à volta de determinada atividade empresarial (vinhos, madeiras, restauração), os dinheiros a correr para essas formações cuja empregabilidade se esgota num ano letivo. As escolas a comporem curriculos em função da população residente e a necessitar de emprego, uma festa de corrupção com fim negro à vista. Um país sem rumo programático de base na educação é um barco sem rumo comandado por piratas... da educação.
  • tugatento
    10 mai, 2016 amarante 11:19
    Pois sim,, nem tem que financiar escolas privadas com o dinheiro dos contribuintes, se são privados funcionem como tal. Dão prejuízo? Fechem as portas.
  • Francisco Dantas
    10 mai, 2016 Nine 10:54
    Mais um profissional da política. Ainda pior que os outros: o Estado deve estar quieto. Então para que serve? Neste país, toda a gente fala de tudo... sem dados concretos. Apenas com base no que ouviu, muitas vezes são mentiras. Sobre os contratos de associação tem-se dito muito coisa. Há muitos interesses instalados. Foram criadas escolas de raiz para usufruir dessa benesse. Com que objetivo? Para servir os alunos? Pois... Agora até começam a surgir opiniões de responsáveis - políticos inclusive - a defender as escolas privadas do seu concelho e a condenar outras. Os ratos começam a fugir. Estes contratos são um negócio... e muita gente ficará sem trem de cozinha. Argumentando que os alunos são prejudicados. Criam-se mitos: ensino de qualidade. Basta olhar para o ranking e ver o lugar que ocupam. Treta. Seria interessante saber o que leva os alunos a frequentá-las. As escolas públicas estão melhores colocadas. Têm apenas à frente os colégios verdadeiramente privados. São os seus alunos que ganham prémios internacionais. Há quem sustenta que os alunos terão de se deslocar para mais longe. Argumentado facilmente contrariado. Conheço casos em que os alunos têm escolas públicas perto de caso e deslocam quilómetros para frequentar as privadas híbridas. Muitas escolas públicas têm turmas com poucos alunos porque vão para as outras que os selecionam. Supostamente, o ensino nestas escolas fica mais barato ao Estado. Mentira. Há estudos sobre isso que provam o contrário.

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