30 mai, 2016 - 12:19
O Presidente da Alemanha disse esta segunda-feira, numa conferência de imprensa conjunta em Berlim com o Presidente da República, que reconhece o esforço feito por Portugal nos últimos anos, mas rejeitou "imiscuir-se" na questão das eventuais sanções.
"Não quero imiscuir-me nos assuntos do Governo e parlamento (federais) e muito menos dar conselhos ao Conselho Europeu e instituições europeias. Vou respeitar os limites do meu cargo e não vou tomar posição em relação a essas questões", disse Joachim Gauck, quando questionado sobre a principal questão que Marcelo Rebelo de Sousa tenciona abordar com as autoridades alemãs, durante a sua visita oficial a Berlim esta segunda e terça-feira.
O Presidente da Alemanha afirmou que "é com grande respeito que o povo alemão tem acompanhado os esforços feitos por Portugal para concluir o programa de ajustamento" e realçou que "convém ter em mente que os povos sofrem com o rumo da austeridade e é necessária muita coragem política também para implementar os programas".
"Não estou céptico no que se refere ao caminho trilhado por Portugal", que "tem sempre sublinhado o seu rumo europeu", disse.
Gauck sublinhou do mesmo modo que, ao contrário do que por vezes é descrito, o governo alemão "não representa aquele elemento ameaçador", e disse que "é com reconhecimento" que acompanha as posições do governo federal sobre questões de estabilidade financeira".
"O nosso país procura a unidade europeia. Queremos a coesão da Europa, e este desejo é a nossa directriz", declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa, por seu turno, disse que a sua interpretação das palavras do presidente alemão "foi a de que correspondiam ao reconhecimento pela Alemanha do esforço feito pelos portugueses durante anos para controlarem o desequilíbrio financeiro interno e externo, e para seguirem um caminho que foi difícil, complexo e exigente".
"Fico grato, como representante das portuguesas e dos portugueses, pelo facto de o presidente alemão traduzir o reconhecimento desse esforço", disse o Presidente da República, que depois de um almoço de trabalho com Gauck reunir-se-á com a chanceler alemã, Angela Merkel, a quem se propõe expor os motivos pelos quais considera que seria "injusta" a aplicação de sanções a Portugal devido ao défice excessivo.
Durante a conferência de imprensa conjunta com o presidente alemão, Marcelo voltou a manifestar-se convicto de que os parceiros europeus de Portugal, e designadamente a Alemanha, "perceberão" que os "sacrifícios grandes do povo português nos últimos quatro anos" tornam injusta a aplicação de sanções.