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Parlamento contra sanções europeias, mas 88 caracteres impediram um texto comum

09 jun, 2016 - 12:35

O Parlamento aprovou esta quinta-feira dois votos de condenação, um da esquerda e outro do PSD/CDS-PP. PS também votou a favor do texto da direita.

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O Parlamento aprovou esta quinta-feira dois votos de condenação, um da esquerda e outro do PSD/CDS-PP, contra a aplicação de sanções europeias a Portugal, o que levou o presidente da Assembleia da República a congratular-se com o "consenso".

A apresentação de dois votos de condenação foi o resultado da falta de acordo entre esquerda e direita. Os textos são idênticos, classificando como injustas as eventuais sanções por défice excessivo, mas há uma frase, incluída no voto do PSD e do CDS, que os distancia: "Face aos esforços e resultados de consolidação nominal e estrutural alcançados pelo país".

O voto apresentado pelo PS, Bloco de Esquerda, PCP, "Os Verdes" e PAN (Pessoas Animais e Natureza) foi aprovado com os votos favoráveis de toda a esquerda e a abstenção do PSD e do CDS-PP.

Já o voto do PSD e do CDS-PP teve também os votos favoráveis do PS e do PAN, mas registou votos contra do Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes".

Após uma discussão muito dura entre as bancadas da esquerda e da direita parlamentar, com intervenções interrompidas por protestos de um e de outro lado, alguns deputados desde o CDS-PP ao Bloco de Esquerda acabaram a aplaudir as palavras proferidas pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, após a votação dos dois documentos.

"No Parlamento há um consenso bastante verificável contra a aplicação de sanções a Portugal", concluiu Ferro Rodrigues, aludindo, depois, ao último parágrafo (comum) dos dois votos.

"A Assembleia da República, nos termos regimentais e constitucionais aplicáveis, pronuncia-se no sentido de considerar infundada, injusta, incompreensível e contraproducente uma eventual decisão da Comissão Europeia de propor sanções ao país por incumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento", lê-se nesse último parágrafo dos votos, quer da esquerda parlamentar, quer do PSD e CDS-PP.

O "bom" em vez do "óptimo"

O Presidente da República reagiu pouco depois, destacando que se alcançou o "bom" em vez do "óptimo".

"O consenso na substância, no conteúdo, está lá, na forma, não. Dizem o mesmo por palavras diferentes. É muito português", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, após dar início às cerimónias do Dia de Portugal, com o hastear da bandeira nacional no Terreiro do Paço, em Lisboa, e uma visita a uma exposição das Forças Armadas, na Ribeira das Naus.

O chefe de Estado recordou que "os portugueses costumam dizer que o bom é inimigo do óptimo": "Não tendo uma posição traduzida num texto único, mas se através de vários textos disseram o mesmo, é bom, embora não óptimo. Eu fico satisfeito, preferiria o óptimo, mas o bom já é bom".

"A mim, Presidente da República, e a nós, Portugal, o que interessava é que dissessem o mesmo. Se disserem o mesmo através de palavras diferentes, é bom. O que interessa é que lá fora se oiça que todos os partidos políticos pensam o mesmo, uns dizem de uma maneira, outros dizem de outra", argumentou.

Perante a insistência dos jornalistas, que o questionaram se a ausência de um texto comum não seria uma falha nos consensos por si pedidos, Marcelo disse que "é um passo". "Lá fora percebe-se que todos estão de acordo ao dizer-se não às sanções", declarou.

[Notícia actualizada às 13h23]

Comentários
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  • beirão
    11 jun, 2016 lisboa 00:08
    Com estas embrulhadas todas , de esquerdas e direitas , Portugal anda a colaborar para o " BREXIT" ! Deus queira que Os ingleses não abandonem a Comunidade Europeia : Será uma Catástrofe para Portugal.... e não só ! ! ! Mas parece mais de que certo ; E não há duvidas de que os portugueses têm contribuido bastante para que isso aconteça ! Os ingleses querem dizer à Europa que os europeus têm de trabalhar , produzir e poupar ! Coisas que os portugueses já foram mentalizados a não fazerem ! ! ! Foram mentalizados de que nada disso é preciso e que não devem acabar com os pobres ...... mas sim com os ricos, que nada mais fazem de que investirem para ficarem mais ricos
  • jose Catarino
    09 jun, 2016 Aveiro 17:31
    mais ma vez os esquerdistas provam que não defendem Portugal mas sim a sua ideologia ....basta ver que o PCP nunca cantou o nosso hino mas sim a internacional quanto á BE não se percebe quem defendem talvez o tacho da Catarina e amigos .Porque é que os causadores das sanções não são castigados e é o país que sofre
  • jose Catarino
    09 jun, 2016 portugal 17:28
    mais ma vez os esquerdistas provam que não defendem Portugal mas sim a sua ideologia ....basta ver que o PCP nunca cantou o nosso hino mas sim a internacional quanto á BE não se percebe quem defendem talvez o tacho da Catarina e amigos
  • Rodrigues
    09 jun, 2016 Aveiro 16:57
    Os caracteres agora já decidem nestas coisas? Ou o que aconteceu foi 88 carateres, ou seja letras do nosso alfabeto, não permitiram um texto comum? Ai o famigerado aborto, perdão, acordo ortográfico.
  • juzze do vale
    09 jun, 2016 Porto 16:33
    "O Parlamento aprovou esta quinta-feira dois votos de condenação, um da esquerda e outro do PSD/CDS-PP. PS votou a favor do texto da direita." lead incompleto . "O Parlamento aprovou esta quinta-feira dois votos de condenação, um da esquerda e outro do PSD/CDS-PP. PS votou a favor do da Esquerda e do texto do PSD/CDS-PP." Assim é que é!
  • Jorge Reis
    09 jun, 2016 Lisboa 15:44
    Ao não haver um consenso geral/único a bem da nação neste assunto, demonstra que os n/politicos estão mais interessados em defender as suas "coutadas" do que o superior interesse do País, e o povo deveria reflectir nestas atitudes mesquinhas e prepotentes que apenas servem esses mesmos politicos. È uma vergonha e muito triste este "espectáculo" de ver que deveria ceder ou não, isto é aquele pormenor que deveremos, povo, dar especial atenção, não se é rosa ou laranja.
  • Camarro
    09 jun, 2016 Barreiro-Moita 14:59
    As ideologias politicas superpuseram-se a um Direito .Estes, os políticos portugueses .
  • José Calado
    09 jun, 2016 TRofa 14:23
    Quem não cumpre, deve sofrer sanções, Não comparando as situações, a AT também não perdoa situações de incumprimento. Não sendo sancionado o País, os governantes jamais aprenderão e que se lixa? O povão.
  • V Pereira
    09 jun, 2016 Coimbra 14:16
    receio que haja outro tipo de consenso em países como a Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Eslováquia, R Checa Bulgária Roménia ... etc, etc , que nunca se meteram em aventuras, e acabam por ser penalizados pelo comportamento daqueles que persistem em viver acima das suas possibilidades e à custa dos outros .
  • Maria Cunha
    09 jun, 2016 Lisboa 14:07
    Sanções por défice excessivo. Lamentavelmente a Europa não joga pelas mesmas regras. Uns são filhos e outros enteados. Neste caso, Portugal é claramente um enteado "pobre", que alimenta muitos interesses dos filhos ricos.

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