20 jun, 2016 - 20:26
O PS vai participar “activamente” na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), pedida a título potestativo por deputados de PSD e CDS-PP, mas teme perda de confiança no banco com o avançar da mesma nesta fase.
“A posição do PS é conhecida: parece-nos uma irresponsabilidade a constituição desta comissão de inquérito agora”, vincou esta segunda-feira o porta-voz do PS, João Galamba, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
Em causa está o avançar potestativo de uma comissão de inquérito num momento em que é negociada com as instituições europeias a recapitalização do banco público português.
“Se há dois partidos que sabem exactamente o que se passou, passava, o que foi feito e não foi feito na CGD, são precisamente PSD e CDS-PP”, prosseguiu João Galamba, a quem causa “estranheza” este pedido dos partidos que estiveram no anterior Executivo.
Em 2012, lembrou o socialista, houve também uma recapitalização da Caixa, e na altura terá sido feito um “levantamento” da situação do banco.
Ora, prosseguiu o parlamentar do PS, ou esse trabalho foi "mal feito, incorrectamente feito", e agora PSD e CDS-PP pedem novos dados, ou foi bem feito "e os problemas da Caixa são posteriores", isto é, dizem respeito ao período entre o programa de ajustamento e o presente.
"Supostamente, foi feito um levantamento exaustivo das necessidades da Caixa em 2011 e 2012", sinalizou o porta-voz socialista, lembrando que a "estabilidade do sector financeiro" foi um dos pilares do programa de ajuda externa firmado com a “troika”.
De todo o modo, continuou Galamba, o PS participará "activamente" nos trabalhos da comissão "como sempre" o fez em todos os inquéritos parlamentares.
Deputados de PSD e CDS-PP assinam o texto que pede a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a CGD, iniciando-se agora o processo de formalização da comissão.
O texto desta segunda-feira entregue no Parlamento foi apresentado aos jornalistas pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, numa conferência de imprensa em que esteve ladeado pelo também deputado social-democrata António Leitão Amaro e pelo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes.
"O parlamento e o país não podem ser considerados, como estão a ser pelo Governo e partidos que o suportam, como uma verdadeira conservatória de registos", vincou Montenegro, que exigiu esclarecimentos em torno da recapitalização da entidade mas pediu também, no objecto da comissão parlamentar, que se avalie o processo e "efectivas necessidades de injecção de fundos públicos" na Caixa.