26 jun, 2016 - 13:52 • Eunice Lourenço , Paulo Ribeiro Pinto
Se a Comissão Europeia insistir em sanções sobre Portugal, o Governo deve chegar à próxima cimeira europeia com uma ameaça na manga: o referendo. A ideia é defendida pela porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, no encerramento da convenção do partido, em Lisboa.
"Se a Comissão tiver a iniciativa gravíssima de aplicar sanções, a Comissão Europeia declara guerra a Portugal", afirmou, acrescentando que se, “ainda por cima”, quiser usar as sanções para fazer pressão para o Orçamento do Estado de 2017 e impor aumentos de impostos, então o Governo deve chegar à cimeira de terça e quarta-feira e anunciar que "está disposto a pôr na ordem dia um referendo contra a chantagem" que a porta-voz do Bloco considera que Bruxelas está a fazer.
Catarina Martins, no sábado, tinha chegado à convenção do Bloco a dizer que o seu partido não embarcava em propostas de referendo na sequência da decisão do Reino Unido, mas acabou, assim, por atirar a questão referendária para cima da mesa, ou melhor para cima do Governo português que o Bloco ajuda a suportar no Parlamento.
"Virá esse dia do referendo e virá breve", disse a líder bloquista, que sai reforçada desta convenção.
Já no sábado, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda tinha abordado as eventuais sanções a Portugal, exigindo uma posição musculada perante as instituições europeias.
Catarina Martins começou o seu discurso final pelas questões europeias e terminou a deixar bem claro que quer ver o Bloco reforçado.
"Queremos ser poder, queremos ser Governo", assumiu, fazendo várias exigências para o Orçamento do Estado de 2017, que o Governo terá de negociar com os seus parceiros de esquerda.
Entre elas, um aumento mínimo de 5% no salário mínimo, o aumento do indexante das prestações sociais e o aumento real das pensões.