25 jun, 2016 - 21:29
A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, diz que o objectivo do país não pode ser o de ter um défice de 3%, defendendo que "é preciso ir mais longe".
"O nosso objectivo como país não pode ser ter um défice de 3%. Temos de ir claramente mais longe", afirmou Maria Luís Albuquerque, durante uma intervenção dirigida a militantes da distrital do PSD/Oeste, em Torres Vedras.
"No discurso já ignoraram o 2,2% e já dizem que vão ficar abaixo de 3%. É preciso lembrar que o objectivo do país não é ter um défice de 3%. Três por cento é o défice máximo que deveríamos ter quando as coisas correm muito mal. O objectivo é ter um orçamento equilibrado", sublinhou.
A também vice-presidente do PSD disse que "não acredita" que o Governo consiga alcançar um défice de 3% no final do ano e foi mais longe ao afirmar que "não é possível, porque há áreas que estão sobre orçamentadas, porque o crescimento está muito abaixo daquilo que devia ser, o que tem impactos na receita e porque os aumentos da despesa são maiores do que o previsto inicialmente".
O défice das administrações públicas, em contas nacionais, foi de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, divulgou na sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo as contas nacionais trimestrais por sector institucional relativas ao primeiro trimestre de 2016, o INE indica que, "tomando como referência valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das Administrações Públicas situou-se em cerca de -1.406,1 milhões de euros no 1.º trimestre de 2016, correspondente a -3,2% do PIB (Produto Interno Bruto)".
Ao contrário do primeiro-ministro, Maria Luís Albuquerque defendeu que não existe "um virar de página" e demonstrou "preocupação" pelos aumentos que o Governo tem vindo a fazer, ao acabar com os cortes feitos antes.
"Não é possível dar tudo a todos tão depressa porque, se o fosse, já o teríamos feito e não temos nenhuma obsessão ideológica", enfatizou.
Segundo a social-democrata, António Costa tem vindo a "satisfazer interesses particulares corporativos representados pelo BE, PCP e até pelo PAN para poder manter o Governo sustentado no Parlamento".
Em consequência, defendeu, começam a existir "pagamentos que ficam em atraso, porque não há dinheiro para fazer face a essas responsabilidades", dando o exemplo da reposição das 35 horas na função pública, sobre as quais não acredita que "não tenham impacto orçamental".
Para a ex-ministra das Finanças, começam a surgir resultados que demonstram "quebra da confiança por parte de quem nos observa de fora e de dentro, alargamento das taxas de juro e total estagnação do investimento".