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Carta contra sanções a Portugal admite austeridade, mas não aponta medidas adicionais

18 jul, 2016 - 13:03 • João Carlos Malta , Pedro Rios

Executivo argumenta que a aplicação de sanções pode ter um "impacto altamente negativo na percepção dos portugueses em relação a União Europeia".

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O Governo enviou esta segunda-feira a argumentação para tentar que a Comissão Europeia não aplique sanções por défice excessivo em 2015. No documento não são apontadas medidas de austeridade suplementares, mas o Governo diz-se "totalmente comprometido" com a saída do Procedimento por Défice Excessivo em 2016 e, para isso, "está pronto para adoptar medidas orçamentais este ano para corrigir algum eventual desvio na execução orçamental".

Sem apontar novas medidas, como Espanha já fez, a carta tenta dar garantias a Bruxelas. O Orçamento do Estado de 2017 requer um "ajustamento estrutural" igual a 0,6% do PIB. Em Abril, lembra o “Jornal de Negócios”, o Executivo de António Costa previa uma redução do défice estrutural de 0,4%.

Na semana passada, o presidente do Eurogrupo disse esperar que o Governo português reagisse de forma “ofensiva” à ameaça de sanções. Jeroen Dijsselbloem afirmava ter "a certeza” que uma “boa abordagem ofensiva” ajudaria Portugal a reduzir a multa.

Portugueses não aceitariam sanções

Na carta que escreveu a Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, e Pierre Moscovici, comissário com a pasta dos assuntos económicos, o ministro das Finanças, Mário Centeno, repete alguns dos argumentos usados nos últimos dias pelo Governo contra potenciais sanções de Bruxelas.

Centeno diz que as sanções seriam injustificadas, argumentando que o país está no caminho certo para eliminar o défice excessivo. Novas penalizações neste momento podem ser prejudiciais para o país, afirma o Governo, que recorda também que a Comissão Europeia esteve "profundamente envolvida" na definição do caminho trilhado por Portugal entre 2011-2014.

O ministro refere ainda que a aplicação de sanções pode ter um "impacto altamente negativo na percepção dos portugueses em relação a União Europeia, que é largamente consensual desde 1976".

Plano B? Cativações

O Governo já tinha inscrito no Programa de Estabilidade que o famoso "plano B" são as cativações adicionais para controle da despesa na aquisição de bens e serviços, como a Renascença avançou.

Reafirma que o Orçamento deste ano tem uma “almofada” no valor de 0,2% do PIB, ou seja, cerca de 340 milhões de euros para fazer face a eventuais desvios nas contas públicas.

O OE 2016 “introduziu uma camada extraordinária de cativações, uma forma de cortes na despesa que se pode tornar efectiva de forma imediata”. O défice previsto pelo Governo para 2016 (2,2%) já conta com o eventual uso das cativações.

O Governo argumenta que está a haver um menor recurso às cativações, que, segundo a execução orçamental de Junho, são 597 milhões de euros mais altas do que em 2015. “O Ministério das Finanças vai manter esta postura e reforçá-la, se se tornar evidente alguma derrapagem na despesa.”

Cenário alternativo de menor crescimento

No relatório que anexa à carta, o Governo afirma que o actual quadro orçamental está preparado para lidar com o impacto de um crescimento mais baixo. E traça um cenário alternativo, tendo em conta realidades como o “Brexit” e as crises em Angola e no Brasil, em que, apesar de tudo, o défice fica nos 2,3% e o crescimento nos 1,4%.

O Governo usa os números da execução orçamental até Maio, que mostra uma melhoria de 2,3 pontos percentuais no PIB (5,5% em 2015, 3,12% em 2016). A receita aumentou 1,6% e há uma estabilização das despesas. “A economia e o mercado de trabalho estão a apresentar resultados positivos, mesmo que abaixo do seu potencial”, afirma.

Mário Centeno defende ainda que várias medidas com potenciais efeitos na despesa não são problemáticas: as 35 horas de trabalho semanais na função pública têm uma cláusula de salvaguarda que evita aumentos de despesa e não são aplicadas a vários grupos profissionais; o impacto da redução do IVA da restauração será avaliado; e a reposição dos salários na função pública tem um impacto orçamental menor do que é habitualmente referido.

No relatório, o Governo defende ainda o trabalho em curso no sector financeiro (uma “prioridade máxima”), sobretudo na Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco, e várias reformas estruturais já apresentadas.

Comentários
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  • Pinto
    18 jul, 2016 Custoias 18:33
    Chegou a hora dos ricos pagarem a crise e de levantarem este país. Até aqui tiveram toda a espécie de ajudas, subsídios, perdão de dívidas e isenção de impostos, mantiveram os salários dos colaboradores ao mais baixo nível....diziam que depois do sacrifício vinha a bonança, afinal o país está pior e os cidadãos baixaram ao nível de miséria. Quem acompanhou as notícias dos últimos anos e as declarações de políticos e empresários, verifica que é gente mentirosa, falsa e sem dignidade, chegou a hora de não acreditar-mos mais em quem nos rouba e em quem nos mente todos os dias.
  • A ferreira
    18 jul, 2016 Oeiras 17:33
    Oh Teresa...Fora da Europa não há dinheiro, também estão à mingua. E se querem desgraçar o povo abandonem, o euro e verão a pobreza A CRESCER, A CRESCER
  • Tereza
    18 jul, 2016 Lisboa 15:46
    Portugal deve procurar sair da moeda única e união europeia o quanto antes mantendo os acordos comerciais e procurando financiamento noutros mercados pois a fatia que vem de Bruxelas e gasta quase toda na totalidade a gerir a dívida portuguesa e cada vez há mais portugueses habituados a esta mama em vez de trabalharem e produzirem para o país crescer.
  • José António Sousa
    18 jul, 2016 Torres Vedras 15:31
    Uma vez mais, depois de 3 anos de sacrifícios que a população portuguesa sentiu na pele, depois de muito se ter falado que as metas ditadas pelos politicos da altura em que estavam a cumprir as metas do defícite, depois de tanto mentirem, chega-se á conclusão que entre 2011 e 2015 (dezembro), não cumpriram, mentiram, enganaram e mais grave omitiram, agora vem sanções depois de tudo? É mesmo melhor saírmos do euro (moeda). Temos exemplos claros de Inglaterra, Dinamarca e outros que não precisam da moeda única, não perderam soberania nem e sua identidade. Pensem nisso!
  • Luís Silva
    18 jul, 2016 Cruz Quebrada 15:25
    Portugal Precisa de um Governo Digno e Competente, que não tenha Centen(a)s ! Mas que SIM tenha Profissionais com , ComTino(s). !!!
  • jose domingos
    18 jul, 2016 castelo branco 14:45
    Com 38 anos de desconto para seguranca social e 59 de idade reforma atribuida 140€ ora aqui esta primeira medida..
  • CARLOS MACEDO
    18 jul, 2016 MAIA 14:33
    Executivo argumenta que a aplicação de sanções pode ter um "impacto altamente negativo na percepção dos portugueses em relação a União Europeia". É preciso ser muito cínico. Não vi em momento nenhum este tipo de preocupação por parte de Costa quando se moveu nos bastidores (BE e PCP)para conseguir ser 1º Ministro a todo o custo, contrariando toda e qualquer lógica. Só gente sem escrúpulos é que faz o que ele fez e isso já foi perceptível por quem está atento ao que se passa em PT.
  • Eborense
    18 jul, 2016 Évora 14:32
    "O ministro refere ainda que a aplicação de sanções pode ter um "impacto altamente negativo na percepção dos portugueses em relação a União Europeia, que é largamente consensual desde 1976". Sr. Ministro! Está a falar de quem? dos seus amigos do BE, dos seus amigos do PCP ou de ambos?
  • José
    18 jul, 2016 Portimão 14:21
    Senhores deste Governo. Não venham como mais austeridade para o Povo pobrezinho. Se querem implementar mais austeridade, voltem-se para outro lado, voltem-se agora para os ricos. Mas que é isto?? Sempre de rabinho aberto, e com medo de Bruxelas. Chega basta. Tenham a frontalidade necessária, para dizer aos bruxelenses: CHEGA. Se querem, então que nos ponham na rua. Somos um Povo de lutadores, e saberemos dar a volta.
  • TUGA
    18 jul, 2016 LISBOA 14:17
    CHEGARAM 50 ANOS DE DITADURA!!! FORA DO IMPÉRIO FRANCO/ALEMÃO E JULGAMENTO DE QUEM VENDEU PORTUGAL A ESTES VAMPIROS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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