10 ago, 2016 - 23:28
Os incêndios vão fazer que vários deputados interrompam as férias para fazer um ponto de situação. Primeiro, vão reunir-se representantes dos grupos parlamentares com o secretário de Estado da Administração Interna e depois vão fazer uma visita ao centro de comando. Tudo isto no âmbito de uma comissão informal anunciada esta quarta-feira ao fim da tarde pelo presidente do Parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues.
A conferência de líderes parlamentares tinha sido convocada devido a um pedido do CDS para que fosse convocada uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República (o órgão que substitui o plenário durante as férias parlamentares) para discutir o caso das viagens de três secretários de Estado a França oferecidas pela Galp.
A esquerda recusou esse pedido com o argumento que há assuntos mais importantes e urgentes para debate, como é o caso dos incêndios. Mas mesmo para esse assunto urgente e importante não foi convocada a comissão permanente, mas encontrada uma forma – a tal comissão ad hoc anunciada por Ferro Rodrigues e que será presidida pelo bloquista José Manuel Pureza, um dos vice-presidente do Parlamento. Evita-se, assim, um debate em plenário que teria um período de actualidade política em que CDS e PSD poderiam sempre introduzir a polémica das viagens.
Além de anunciar a comissão e a visita à Autoridade Nacional de Protecção Civil, Ferro rodrigues quis aproveitar a ocasião para manifestar a solidariedade do Parlamento para com as pessoas atingidas pelos incêndios e também o respeito pelo trabalho dos bombeiros. E, de forma geral, nas declarações após a conferência de líderes, todos os partidos se associaram a essa solidariedade. Contudo, PSD e CDS consideram que este anão é o momento para discutir os incêndios.
Críticas de Heloísa
À esquerda, quer os Verdes quer o Bloco de Esquerda chamaram a atenção para a necessidade de pensar a médio prazo. Com as críticas mais fortes a serem feitas por Heloisa Apolónia. “Estamos fartos de produzir relatórios na Assembleia da República que põem a prevenção em primeiro plano e essa prevenção não tem estado no primeiro plano, designadamente no que toca a meios financeiros e é preciso inverter essas prioridades”, afirmou a deputada.
Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, pediu pensamento estratégico, mas considera que a prioridade agora é ajudar as populações
Madeira incluída
Embora a protecção civil tenha uma gestão autónoma na Madeira, os deputados querem também ter informações e discutir o que se passou no Funchal nos últimos dias. É o que garante o socialista Pedro Delgado Alves: “A Assembleia da República é representativa de todos os cidadãos e a situação da Madeira – a mais dramática, sem dúvida – preocupa o Parlamento exactamente como as outras ocorrências.”
Uma das poucas vozes criticas que até agora se levantaram contra a gestão da situação no Funchal foi do comunista Edgar Silva. O seu colega de partido, António Filipe, tomou nota e espera ter mais esclarecimentos.