01 set, 2016 - 07:39
Das cinco propostas que o social-democrata Marques Mendes levou à Universidade de Verão do PSD, na quarta-feira à noite, destaca-se a que propõe melhores salários para os políticos.
O conselheiro de Estado vai mais longe e coloca a hipótese de os governantes ganharem mais do que os deputados ao Parlamento – nada de vencimentos milionários, mas salários equilibrados.
“Três razões: exercem a função em regime de exclusividade, ao contrário dos deputados; o regime de responsabilidade é muitíssimo maior e o escrutínio é muitíssimo mais exigente”, justificou.
Marques Mendes propôs ainda, de novo, a mudança do sistema eleitoral com a criação de círculos uninominais e a criação de uma comissão parlamentar de ética que regule códigos de conduta e potenciais conflitos de interesse.
Uma terceira proposta é a existência de consensos políticos sobre questões de Estado, sustentabilidade financeira e áreas como a educação e, por fim, distinguir cargos de confiança política de cargos de confiança técnica.
Sem maioria absoluta, PSD não volta a governar
Em Castelo de Vide, Marques Mendes avisou o PSD não voltará a governar sem maioria absoluta. Em seu entender, as últimas legislativas foram uma lição.
“O PSD não volta mais ao poder se não tiver maioria absoluta. Ganhar as eleições, como aconteceu com 38, 39 ou 40% não vai chegar. Ganha as eleições, mas corre o risco de continuar na oposição. Temos de fazer um pouco mais, porque não chega repetir o resultado ou subir mais um ponto ou dois. É preciso ter maioria absoluta. Não é preciso ser sozinho, pode ser acompanhado numa coligação com o CDS”, defendeu.
“Antigamente, podia-se ter governos minoritários. Eu acho que isso no futuro – pelo menos, num futuro imediato – acabou”, acrescentou.
O social-democrata alertou ainda para a necessidade de fazer melhor na oposição, pois “isto caminha cada vez mais para que, à esquerda do PSD – Partido Socialista e Bloco de Esquerda – formem um bloco governativo”.
“Ou seja, o Bloco de Esquerda tenderá a ser, no futuro, um CDS do PS. Ou, se quiserem, um CDS da esquerda. Eles não gostam desta linguagem, mas é para todos percebermos. E as sondagens hoje dizem que estes dois podem, sozinhos e descartando o PCP, ter maioria absoluta”, sustentou.
Marques Mendes instou, por isso, o PSD a apresentar propostas mais ambiciosas do que no passado, dado que já não chega que a vida corra mal a quem está no Governo – é preciso que tudo corra absolutamente bem a quem está na oposição.