17 set, 2016 - 20:45
O ministro das Finanças considera uma "deturpação" a tese de que a reposição dos rendimentos das famílias se destine ao consumo, contrapondo que essa política é um "imperativo" como factor de sustentabilidade de recuperação económica.
Mário Centeno falava no último painel de debate da rentrée política do PS, que decorreu em Coimbra, dedicado à questão da igualdade.
O ministro das Finanças frisou que o próximo Orçamento do Estado "continuará a dar prioridade à melhoria dos rendimentos das famílias e das empresas".
"É um imperativo continuar o processo de recuperação dos rendimentos das famílias. Não é para consumir. Essa é uma visão enviesada e deturpada", declarou.
Mário Centeno criticou depois a concepção de "dividir para reinar" que disse ter estado associada ao anterior executivo, colocando em confronto "o sector privado contra o público, os trabalhadores activos contra os pensionistas, os agentes do sector exportador contra os empresários vocacionados para o mercado interno".
"Esta forma de governar não tem nunca sucesso, porque não cria união. O desenvolvimento de uma sociedade tem de ser inclusivo", advogou.
A melhoria dos rendimentos das famílias, através de uma política financeira nesse sentido, segundo Mário Centeno, é factor central para combater as desigualdades, que constituem "o mais entrave ao crescimento económico".
"E não é possível dissociar as desigualdades dos níveis de educação. Em relação aos atuais trabalhadores, 75% têm pais com escolaridade até ao 9º ano e, destes, apenas cerca de 40% vai além da escolaridade dos pais. Temos por isso de proteger a escola pública como factor de igualdade", sustentou.
Ainda de acordo com Mário Centeno, especialmente no caso de Portugal, em famílias com problemas económicos, "é muito menor a probabilidade de os jovens continuarem na escola".
"Os mais recentes dados sobre um aumento do acesso ao Ensino Superior são uma excelente notícia", declarou o titular da pasta das Finanças no seu discurso, que durou dez minutos.